Conforme mencionado no artigo anterior a partir de agora vamos citar vários acontecimentos históricos relacionados com o mais perverso instrumento utilizado por demônios travestidos em homens para fazer prevalecer suas idéias e impor a sua vontade e poder material. A matéria abaixo é transcrita do livro A VERDADE SOBRE AS PROFECIAS DE DANIEL, de Araceli S. Melo, pág. 458 a 461. Ela trata da inquisição espanhola, mencionada no artigo anterior.

“Em 1809 o Coronel Lamanowski transferiu-se para a parte do exército napoleônico que se achava de guarnição na capital da Espanha. Napoleão havia dado ordem então de suprimir os conventos e abafar a Inquisição”.

“Distante cerca de uma milha de Madrid erguia-se o edifício da inquisição, rodeado de um forte muro e defendido por uma companhia de soldados. O coronel dirigiu-se a uma das sentinelas e exigiu que fossem abertas as portas ao exército imperial. Observou-se, então, como a sentinela falava com alguém do lado de dentro. Voltando-se, porém, ela travou da espingarda, atirando contra um dos soldados do coronel. Estava dado o sinal para o ataque. Aberto que tinham uma brecha no muro, as tropas imperiais por ela se precipitaram no interior do edifício”.


“O Inquisidor-Geral saiu-lhes ao encontro com vestes sacerdotais, acompanhado dos confessores, com os braços cruzados sobre o peito e em atitude de quem nada vira ou ouvira. E, voltando-se para os próprios soldados os repreendeu, dizendo: ´-Por que pelejais com os nossos amigo, os franceses?´ Pretendiam com isso, talvez, distrair o cuidado das tropas e obter assim uma oportunidade para fugir. Imediatamente, porém, foram presos e submetidos a severa vigilância”.


“Procedeu então o coronel a uma busca rigorosa em todo o edifício. Caminhando de sala em sala encontrou tudo na melhor ordem. As salas ricamente ornamentadas com altares, crucifixos e velas, não apresentavam indício de qualquer irregularidade. Ornavam as paredes telas, notando-se também uma rica e bem zelada biblioteca. O teto era de madeira finamente polida, e o assoalho composto de Lages de mármore mui regulamente dispostas. Onde estavam, porém, aqueles temíveis instrumentos de tortura de que tanta suspeita havia e as masmorras, onde se dizia estarem sepultadas vivas suas vítimas?”


“Afirmavam os sacerdotes solenemente ao coronel que ele tinha visto todos os compartimentos da casa e que ele ou havia sido iludido ou pelo menos sido mal informado. Lamanowski começava já a afrouxar nas suas pesquisas, quando se adiantando De Lile, coronel de um dos regimentos que se lhe haviam sido agregado, assim lhe falou:’-Coronel, é a vós que compete o mando hoje. Permiti, porém, que vos dê um conselho. Ordene que se deite água sobre este assoalho e verifiquemos se não existe alhures um escoadouro”.


“Farei o que entendeis, respondeu-lhe Lamanowski e minutos depois as belas e polidas Lages de mármore eram alagadas com grande susto dos inquisidores. Imediatamente De Lile descobriu um lugar por onde a água se escoava rapidamente e disse: ´-Isto aqui tem que abrir-se´. Para ele logo acudiram os oficiais e soldados que com a ponta de suas baionetas e espadas começaram a limpar as juntas, a fim de levantar a laje, mas não era possível. Alguns soldados tentaram quebrá-la a poder de coronhadas., mas sem resultado. Era de ver então a lamúria dos inquisidores por causa da profanação de sua bela casa. De repente um dos soldados, dando uma coronhada de sua espingarda sobre uma mola oculta, fez saltar a laje. Os inquisidores empalideceram como Belshazzar na noite em que na parede de seu palácio foram escritas aquelas palavras misteriosas; tremia-lhes o corpo inteiro. Por baixo da laje havia uma escada. O coronel, chegando-se a um altar, dele retirou uma grande vela para alumiar o subterrâneo. Um dos inquisidores, porém, pondo-lhe de mando a mão sobre o braço quis impedi-lo no seu intento, dizendo-lhe com um olhar muito sério: -Filho meu, não deves tocar nestas velas com as vossas mãos manchadas de sangue, porque elas são santas”.


“´-Não importa, respondeu o coronel. –´É coisa santa também espalhar luz sobre a iniqüidade. Tomo sobre mim a responsabilidade´. E, pegando a vela, foi descendo a escada. Ao chegarem lá embaixo encontraram-se numa vasta sala quadrangular, denominada a ´sala do juízo´. Ao meio dessa sala havia um bloco com uma corrente a que se costumavam acorrentar os acusados. De um lado havia um assento elevado, espécie de trono, que se denominava o trono do julgamento, o qual era ocupado pelo Inquisidor-Geral. De cada lado estavam dispostos ainda outros assentos destinados aos padres que se ocupavam da inquisição”.


“Uma porta que saía da sala, à direita, dava acesso a um grande número de celas que se estendiam em todo o comprimento do edifício; foi aqui que se lhes depararam as mais dolorosas cenas. Estas celas eram as prisões onde as pobres vítimas permaneciam encarceradas durante anos até que a morte as vinha libertar de seus sofrimentos. Os seus corpos eram aí deixados até estarem consumidos e as celas estarem outra vez em condições de receber novas vítimas. Para desviar o mau cheiro desse subterrâneo haviam sido dispostos tubos que conduziam ao ar livre, afastando para a distância conveniente o ar infecto que aí se produzia”.


“Nessas velhas celas foram encontrados cadáveres de pessoas mortas de pouco tempo, ao passo que em outras só restavam ossadas, presas ainda às suas cadeias. Em algumas celas, porém, foram encontrados prisioneiros ainda vivos, pessoas de ambos os sexos, de todas as idades, completamente nuas e presas com correntes. Imediatamente os soldados começaram a libertá-las das cadeias e, cobrindo-as com os seus capotes, queriam conduzi-las à luz, no que, porém foram impedidos pelo coronel que, conhecendo o perigo que nisso havia, ordenou que se lhes desse primeiramente de comer e que depois fossem gradualmente levados para fora”.


“Continuaram, entretanto, as pesquisas. Em uma sala de ala descobriram-se os instrumentos com que eram torturadas as vítimas. Consistia o primeiro em uma máquina a que era atado o indivíduo, sendo-lhe então quebrados os ossos, um após o outro, primeiramente os dedos, depois as mãos e os braços e, finalmente, o corpo todo até estar completamente morto”.


“O segundo era um caixão em que o pescoço e a cabeça do indivíduo eram por tal forma atarraxados, que ele não podia mais movê-los. De cima do caixão estava suspenso um reservatório de água do qual, de segundo em segundo, vinha cair-lhe uma gota sobre a cabeça. Cada gota seguinte vinha dar no mesmo lugar, causando-lhe desse modo as mais horríveis torturas”.


“O terceiro instrumento era uma máquina infernal de disposição horizontal, sobre a qual a vítima era amarrada e colocada depois entre duas vigas crivadas de facas, sendo retalhada em miúdos pedaços”.


“À vista desses instrumentos infernais, prova da mais requintada crueldade, a ira dos soldados não teve limites. Resolveu-se que cada um dos inquisidores devia ser morto por um daqueles instrumentos. O seu furor era indomável, e o coronel não se opôs. Um dos inquisidores foi imediatamente morto na máquina de quebrar ossos. Um outro foi submetido à tortura da gota dágua, chegando a suplicar com lágrimas que o poupassem de tão terríveis sofrimentos. Chegou, enfim, a vez do Inquisidor-Geral que foi conduzido perante a virgem. Pediu por sua vez com insistência que o poupassem daquele horrível abraço. ´- NÃO!, foi a resposta dos soldados´. ´-OBRIGASTES OS OUTROS A ABRAÇÁ-LA, AGORA O DEVES FAZER TAMBÉM´.E, cruzando as baionetas, o empurraram para dentro do círculo fatal. A bela virgem apertando-o em seus braços, retalhou-o em mil pedaços. O coronel teve uma vertigem à vista destas cenas e abandonou aos soldados a execução da vingança sobre os habitantes criminosos daquela casa”.


“Entretanto, a notícia do assalto à casa da Inquisição havia chegado a Madrid e grande multidão se dirigia para ali. Que movimento de vida! Parecia uma ressurreição. Umas cem pessoas que já haviam sido reputadas mortas eram agora restituídas aos seus queridos. Aí havia pais que tornaram a achar os seus filhos; mulheres que tornaram a ver seus maridos, e filhos que tornaram a abraçar seus pais. Poucos eram aqueles que não tinham ao menos um amigo no meio daquela multidão. Nenhuma pena teria podido descrever aquela tocante cena.”


“Dispensada a multidão, o coronel ordenou a retirada da casa da inquisição de todos os objetos de valor, mandando trazer da cidade uma grande quantidade de pólvora que foi acondicionada no porão e, minutos depois, o belo edifício voava majestosamente aos ares, caindo em um montão de ruínas. O local da inquisição espanhola desapareceu”.