A questão do inferno eterno não é uma questão banal e que possa ser levianamente deixada de lado. Por esta razão é que diversas vezes tenho tratado desse tema em meus escritos e sempre com a consciência de sua importância e de minha responsabilidade com relação a ele e com a verdade revelada por Deus.


Não podem existir duas ou mais verdades com relação a um assunto qualquer. A verdade é a verdade, gostemos dela ou não. Não importa a minha opinião pessoal ou preferência por esta ou por aquela interpretação sobre qualquer assunto.


O Deus revelado na Bíblia e na natureza e que criou o universo e a vida jamais poderá ser objeto de estudo, pois a Sua natureza, poder, sabedoria e misericórdia estão e sempre estarão longe da compreensão de seres criados – anjos ou homens – no transcurso de toda a eternidade.


As coisas que Ele permitiu ao homem conhecer e compreender estão no Livro Sagrado. Existem hoje interpretações variadas sobre variados assuntos, a maioria delas surgidas por interesses contrários aos manifestos no Calvário. A Bíblia Sagrada é sua própria intérprete. Não posso aceitar, sem violência à minha consciência, qualquer acréscimo ou supressão no Livro de Deus, como a humana tradição ou qualquer outra alteração feita por pessoas ou instituições, seja qual for a intenção, interesse ou objetivo por elas manifestados.


Estas razões introdutórias se fazem necessárias para responder a um comentário relativo à matéria INFERNO E PURGATÓRIO, recentemente publicada neste site. E para respondê-lo com o respeito e apreço que nos merecem todos os contatos que nos honram com sua participação é que emitimos as seguintes considerações.


Para Deus não existem meios-termos, ou pecados grandes e pequenos. É verdade que existem gradações de atos delituosos e de transgressões, com conseqüências maiores ou menores e diferentes graus de culpabilidade. Mas o que importa, na realidade é o seguinte: O ato está de acordo com os princípios morais de Deus e de Sua sagrada Lei? Estou honrando ou desonrando ao Meu Pai e Criador com a minha conduta e testemunho pessoal?


Foi assim no Éden. Por um ato aparentemente sem importância o homem desobedeceu à ordem do Criador: Se comesse o fruto proibido o homem teria que morrer. Ele comeu, transgrediu o mandado do Senhor e foi condenado à morte, que é a perda do direito à vida.


Assim ele não apenas trouxe maldição para si, mas para toda a sua descendência, a raça humana e para toda a terra e a vida nela existente. Veio a expulsão do Éden, o primeiro homicídio, a degeneração do gênero humano, a completa corrupção que culminou com o dilúvio universal e que extinguiu a vida de milhões de pessoas e de quase toda a vida na terra, à exceção da que fora preservada na arca.


Mas Deus não destruiu o mundo de então pela ira ou por um sentimento de retaliação ou um objetivo de castigar a raça culpada. Ele o fez para preservar a Sua promessa de redenção, feita no Éden, quase que completamente esquecida pelos habitantes da terra. A humanidade teria nova oportunidade. Mas ao cabo de poucas gerações da tragédia do dilúvio novamente a rebelião se instalou no coração dos homens.


As conseqüências estão relatadas na história das civilizações. Guerras fratricidas, maldades sem conta, devassidão e imoralidade que tiveram seu ápice, à semelhança dos dias de Noé, nos dias e na história de Sodoma e Gomorra e têm o seu fiel espelho nos dias de hoje. Muitos homens e sociedades se destacaram na impiedade e na ingratidão ao Criador: Assírios, babilônios, egípcios, persas, gregos, romanos etc. desviando-se dos ensinamentos e da adoração do único Deus e criando para si deuses e doutrinas que hoje estão incorporadas ao próprio cristianismo nominal e popular.


E mais: O esquecimento da promessa feita no Éden pelo próprio Criador, de que Ele viria em um dia futuro habitar entre os homens, oferecer a Sua vida para que a sentença de morte pudesse ser aplicada a Si, e Sua amada criatura e a sua descendência, que nEle acreditasse e, aceitando o Seu sacrifício, pudesse voltar do pó em viera a jazer, depois de uma vida num mundo amaldiçoado pelo pecado.


E o maior de todos os crimes: O assassínio do próprio Deus feito homem, por aqueles a quem Ele viera salvar. O Criador veio para os que eram Seus, mas eles não O aceitaram. Cumpriu, então, parte de Sua promessa e garantiu que VOLTARIA para restabelecer o homem ao primeiro domínio, vencida a morte e a sepultura, recriando a terra edênica e cumprindo o Seu propósito de ter um mundo cheio de filhos que irão viver eternamente, vencida a maldição do pecado e a morte.


Qual o prêmio para a obediência e a aceitação desse sacrifício? A vida eterna, na ressurreição por ocasião de Sua volta. Qual o castigo pela sua rejeição? A morte eterna, da qual não haverá mais ressurreição ou lembrança. Onde ficaria, portanto, o inferno e o purgatório, invenções diabólicas de povos inimigos de Deus e que tentaram manchar o caráter misericordioso do Príncipe da Paz com as características do Príncipe das trevas, este sim, capaz de idealizar tais lugares de castigo, para satisfazer sua maldade e inimizade contra Deus e Seus filhos.


A coisa mais perigosa para a salvação do homem é o desconhecimento das Escrituras Sagradas ou o seu conhecimento deturpado. Existem incontáveis pessoas que parecem desejar ardentemente a existência desse monstruoso lugar, onde as infelizes criaturas que rejeitaram o sacrifício de Deus padeceriam por todos os séculos da eternidade por uma breve vida de impiedade aqui na terra.


A esses, o conselho para fazerem uma reflexão e buscarem conhecer o benévolo caráter do Criador e saber realmente a quem estão servindo ao propagar essas doutrinas anticristãs. Elas podem afetar a nossa cosmovisão de um Deus misericordioso e de nosso futuro eterno e, ainda, sugerir que o Príncipe da Paz, cuja maior glória reflete-se na Sua bondade e misericórdia seja um ser colérico e iracundo, atento a qualquer falha de Suas criaturas para as punir cruel e exemplarmente, tirando do nosso coração o amor natural por ele implantado e colocando em seu lugar um sentimento de medo, apreensão e mesmo de ódio e temor até inconsciente.


Muitos se referem aos suicidas, como no comentário que deu origem a esta matéria, como que desejando ou dando a impressão de querer a continuidade do sofrimento que lhes pôs termo à vida. Não me parece razoável imaginar que uma pessoa coloque fim à própria vida por estar ou sentir-se feliz. Parece-me mais lógico imaginar que o ato tresloucado foi praticado por alguém possuidor de sentimentos de profunda infelicidade, insanidade, desespero ou total desencanto pela vida ou fraqueza moral e espiritual. Em vez de nutrir por eles um sentimento e desejo de perpetuar o seu sofrimento parece mais humano e cristão lamentar o seu ato extremo e ter no coração um profundo sentimento de perda pelo acontecimento funesto e pela tragédia familiar que ele fatalmente vem desencadear. Estou absolutamente certo de o coração que mais sofre com estas tragédias é o coração do Pai que lhes havia dado a vida da qual abdicaram.


Deus é amor e justiça. O “Juiz de Toda a Terra” não julgará segundo as aparências, mas segundo o coração. Ele não Se deixa enganar. Aqueles que não tiverem aceitado o Seu sacrifício serão consumidos no lago de fogo, mencionado no Livro da Revelação, o Apocalipse. Os sodomitas, os Judas, os malditos, os “diabinhos”, e todos os criminosos e ímpios irreconciliáveis serão, juntamente com Satanás e todos os seus seguidores, anjos e homens, completamente destruídos por aquele fogo que os destruirá – raiz e ramos – para toda a eternidade. (Malaquias 4:1).


Este ato de destruição é chamado no Sagrado Livro de Deus de “o seu estranho ato e a sua estranha obra”, porque o coração do sublime amor não tem prazer na morte do ímpio, mas o Seu desejo maior é que o ímpio se arrependa de sua impiedade e viva. (Isaías 28:21 e Ezequiel 33:11).


A destruição final do ímpio tem um propósito profilático, de defender os justos em uma nova terra sem pecados, onde habita a justiça, assim como se faz com um câncer, quando um cirurgião o extirpa, para que ele não se espalhe e nem contamine outros órgãos. É como separar uma laranja podre de outras saudáveis. O contato de uma colocaria em perigo de apodrecimento das outras. É por esta razão que a Palavra de Deus assim esclarece este fato: "Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor" (Isaías 26:10).


Certamente que o ímpio não encontraria prazer na pureza do Reino de Deus. Assim como na construção do templo de Jerusalém as pedras eram preparadas fora e somente depois levadas para a construção, assim também o caráter do cidadão daquele reino tem o seu caráter preparado antes de dele tomar posse. Ele não será transformado "depois" que Jesus voltar.


Nesse sentido é que a destruição de Satanás e de todos os ímpios claramente ensinada na Bíblia Sagrada será um ato de misericórdia até para estes condenados à eterna morte, dos quais não restará mais nem a lembrança. Ao destruí-los para sempre a Palavra de Deus afirma, com relação àqueles que os amaram aqui na terra, amigos e parentes queridos: "E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Apocalipse 21:4).


São palavras de consolo, conforto e misericórdia. Não são palavras que indicam o contínuo sofrimento de pais que contemplassem o eterno sofrimento de filhos amados a quem soubessem condenados a um eterno e desesperançado sofrimento.


As pessoas salvas não perderão, no paraíso de Deus, os sentimentos de misericórdia e de compaixão, que a doutrina do inferno eterno parece insinuar. Pelo contrário, o homem, voltando ao primeiro domínio terá em sua natureza NOVAMENTE inculcada a “imagem e semelhança” de Seu Criador, perdida pelo pecado de Adão. Assim como DEUS É AMOR, podemos ter a absoluta certeza de que, resgatado pela eterna graça poderemos também afirmar, na terra renovada: O HOMEM É AMOR.


Ao prezado comentarista que nos honrou com o seu comentário e a todos que venham a ler estas considerações sugerimos a leitura de todo o texto contido na matéria “RESSURREIÇÃO OU REENCARNAÇÃO”, neste mesmo site, no tópico “SÉRIE O TERCEIRO ANJO”.