A matéria relacionada ao Missionário R.R. Soares publicada alguns dias atrás despertou muitas polêmicas pela referência a um tema universalmente polêmico, que é a existência ou não do inferno, um lugar de tormentos inimagináveis e perpétuos, destinados aos que não obtiverem a salvação, a vida eterna. Afirmamos sem nenhuma presunção e com toda a humildade que temos a mais absoluta convicção de que os que acompanharem o presente estudo até ao final jamais voltarão a ter qualquer tipo de dúvida, com relação a esse assunto.

“E o Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Apocalipse 20:10).

O texto bíblico citado acima parece não se compatibilizar com o tema que pretendemos estudar, o da natureza mortal do homem. Se a alma é mortal, como ele pode ser explicado, quando parece estar implícito que os que forem condenados serão atormentados para todo o sempre nas chamas de um lago de fogo, chamas estas que nada mais seriam do que a doutrina do inferno, um lugar de sofrimentos atrozes e que jamais terão fim?

É este pensamento cristão? Está ele de acordo com o contexto das Sagradas Escrituras e, principalmente, de acordo com o caráter de Deus e os Seus princípios de justiça? Como e quando foi ele criado, por quem e para que fim? Para que este tema seja devidamente compreendido é necessário que se busquem as suas origens e que se estude a maneira como foram elas inseridas nas Sagradas Escrituras.

Como surgiu a idéia da condenação eterna e onde ela se manifestou pela primeira vez? É necessário que se saiba que ela remonta às mais antigas das civilizações, fazendo parte dos cultos babilônicos, persas e egípcios, entre outros. Juntamente com o inferno, que seria o lugar definitivo de condenação das pessoas após a morte, surgiu na antiga Pérsia o dogma de um lugar em que as pessoas ficariam temporariamente purgando as suas culpas, pagando os seus pecados. Após um determinado período de tempo nesse “purgatório”, tempo esse variável de acordo com os pecados acumulados na vida, a pessoa estaria purificada e apta para o paraíso.

Com o sincretismo religioso verificado nos primeiros séculos da era cristã, os princípios do paganismo foram sendo, paulatinamente, absorvidos por um sistema religioso que se dizia cristão, mas que se desviava dos límpidos e puros princípios bíblicos e apostólicos. Dentre as doutrinas que o sistema adotou do paganismo destacam-se a da imortalidade da alma e a do inferno eterno.

Chegando a obter o poder absoluto – tanto o espiritual, como o temporal e político – este sistema dominou soberano por mais de doze séculos, especialmente nos anos sombrios da Idade Média, impondo sua autoridade por todos os meios possíveis e imagináveis. Centenas de milhares de pessoas foram torturadas e mortas e quem se opusesse a ele estava sujeito às chamas imediatas da inquisição ou às chamas futuras do inferno, se fosse pelo mesmo poder excomungado.

A excomunhão era a arma mais temida do poder papal e por ela muitos soberanos foram destronados e perderam os seus reinos. Para manter o seu poder e mesmo ampliá-lo, estabeleceu-se o dogma absurdo da infalibilidade papal e, através dele, as doutrinas mais esdrúxulas e anticristãs, como o perdão dos pecados através de pagamento em dinheiro ou bens para a igreja e para o clero.

Buscou-se dos antigos persas a doutrina do purgatório, por ser esta bastante cômoda e adequada para os seus propósitos mercenários. Esta doutrina havia sido estabelecida no ano de 593 pelo papa Gregório I. Mas, entrando em cena as vendas das indulgências e das relíquias de santos, o que enriqueceu sobremaneira a igreja e os seus prelados, foi ela proclamada como um dogma pelo concílio de Florença, no ano de 1439. Por determinada quantia a pessoa tinha sua “pena” de purgatório diminuída ou mesmo cancelada. As indulgências “plenárias” tinham o mérito de perdoar toda a dívida do pecador, livrando-o de até milhões de anos das chamas do purgatório ou mesmo do inferno.

Todos queriam livrar-se a si mesmos e aos parentes mortos, das temidas “chamas espirituais” e não mediam esforços para comprar estes favores de que a igreja era depositária. Em lugar da Bíblia Sagrada, proscrita, a verdade que imperava era a vontade de bispos e padres e a mais baixa superstição que escravizava o sentimento popular.

Ora, este estado de coisas foi que deu motivo à reforma luterana. Entretanto, alguns princípios enraizados ao longo de tantos séculos, permaneceram até mesmo entre os reformadores e aqueles que os acompanharam na separação da igreja de Roma. Tudo isto teve os seus reflexos, inclusive na tradução dos originais hebraicos e gregos das Escrituras. Muitos textos de difícil compreensão e de interpretação dúbia foram traduzidos levando-se em conta os princípios antes aceitos, posto que errados.

Por esta razão é que se torna necessário o estudo das origens destas doutrinas e o cuidadoso exame dos escritos originais das Escrituras e da sua comparação com o contexto que elas apresentam. Podemos citar como exemplo, a história dos dois ladrões que foram executados ao lado de Jesus. É necessário que se conheçam algumas das peculiaridades da sentença de morte por crucifixão, para o pleno entendimento do que pretendemos esclarecer.

Em primeiro lugar, era a crucifixão a mais temida, terrível e desumana de todas as formas de execução conhecida. Se hoje, em alguns países, são buscadas formas de se atenuar o sofrimento do sentenciado, por injeções ou gases, nos dias de Jesus a morte na cruz era a concretização de todos os esforços para acumular no sentenciado a maior forma de sofrimento possível.

Esse sofrimento durava dias a fio. Sujeito ao frio e ao calor, à sede e à fome, esvaindo-se em sangue, gota a gota, o crucificado chegava ao limite da sua resistência física e psicológica. Em pouco tempo, pesando-lhe os membros, latejando-lhe a cabeça, chegava ele à loucura e desejava desesperadamente a morte como se ela fosse um dom misericordioso.

Tão grande era o sofrimento de um crucificado que Júlio César, o grande conquistador romano, temperado por incontáveis batalhas e cenas de sangue e violência não suportou, numa ocasião, a visão de um crucificado nos seus derradeiros momentos de vida. Ele desmaiou profundamente impressionado pela crueldade daquele instrumento de tortura.

Mas o texto a que nos queremos referir está no Evangelho Segundo S. Lucas. Colocado entre dois malfeitores, para cumprimento de uma profecia bíblica, Jesus pendia de uma cruz, nela pregado com cravos. Fazemos a transcrição literal do texto desejado: “E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: se tu és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas Este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (S. Lucas 23:39-43).

Ora, do exame do texto em questão é que vem o esclarecimento que pretendemos trazer. O original grego, do qual foi o mesmo texto traduzido não tem pontuação, nem divisão de palavras. Eis como as palavras foram originalmente escritas: “Amen soi lego semeron met emous ese en to paradiso”. Traduzidas literalmente ficariam assim: “Em verdade a ti eu digo hoje comigo tu estarás no paraíso”. Traduzidas conforme o conceito romano, popularmente aceito e em vigor, foram estas palavras assim pontuadas: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”. Mas, mudando-se apenas um sinal, estaria completamente alterado o seu sentido, ficando assim: “Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso”.

Na verdade, o que o ladrão suplicou de Jesus não foi o tempo ou quando poderia estar com Ele no Seu reino, mas que por Ele fosse lembrado, não importava em que época. Além disso, a palavra grega traduzida como “entrares” pode também ser traduzida como “estiveres” ou “vieres”.

A promessa de Jesus, corretamente entendida, está em harmonia com o contexto de Sua Palavra. Jesus prometeu, naquele dia, que ele simplesmente estaria no paraíso, sem especificar quando, muito menos que tal promessa se cumpriria naquele mesmo dia. Isto, simplesmente porque o ladrão não morreu naquele dia e porque Jesus, tendo surpreendentemente morrido, não subiu ao Céu naquele dia.

Dizemos surpreendentemente, porque foi com surpresa que Pilatos reagiu, ao saber da Sua morte. Eis o relato: “Chegou José de Arimatéia, senador honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto” (S. Marcos 15:43-44). A prova de que os ladrões não morreram naquele dia está no texto seguinte: “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado; mas, vindo a Jesus, e vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (S. João 19:31-34).

Jesus não morreu pelos ferimentos físicos, mas pela angústia mental e moral, por ter sido contado com os transgressores e levado sobre Si o pecado de muitos (Isaías 53:12) e ter afastado de Si a comunhão do Pai. O peso do pecado foi tão enormemente esmagador que Ele teve o coração rompido. Sua morte foi causada pela concussão cardíaca, evidenciada pelo líquido que saiu do seu lado, ao ser trespassado pela lança romana.

Para que os condenados não permanecessem na cruz no sábado e para evitar que fugissem, tinha-se por costume quebrar-lhes as pernas. Portanto, no dia seguinte à morte de Jesus, o sábado, os ladrões foram tirados da cruz e permaneceram vivos. Mas, outra prova há, nas Escrituras, de que o ladrão não poderia estar com Jesus no paraíso, no dia em que fez o seu pedido.

Quando Jesus ressuscitou, na manhã do terceiro dia, Ele não havia subido ao Pai, ao lugar que se convencionou chamar paraíso. Morrendo no final da sexta-feira, descansou no sepulcro no sábado e ressuscitou na madrugada do primeiro dia da semana – o domingo. Maria Madalena, ao ver Jesus ressuscitado, não conseguiu reprimir sua alegria, mas foi obstada, pelo Mestre. Está escrito: “Disse-lhe Jesus: não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai para Meus irmãos e dize lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” (S. João 20:17). Assim, acreditamos estar provado o equívoco na tradução do texto citado.

Tornando à doutrina do tormento eterno, podemos dizer que é impossível, para pessoas normais, equilibradas e racionais, conciliar a verdade bíblica de que “Deus é amor” (I S. João 4:8) com a idéia de um inferno eterno, um lugar de tormentos inimagináveis e de desesperança infinita.

Quanto mais terríveis eram apresentados estes tormentos, pela igreja de Roma, mais as pessoas se apressavam e se esforçavam para deles se livrar, não medindo sacrifícios para adquirir, por dinheiro, a “garantia” do seu livramento.

Mas, todos os textos traduzidos nas Sagradas Escrituras e que dão ensejo a uma compreensão diversa do contexto, podem ser explicados, como o do “bom ladrão”, que aguarda no túmulo o dia da volta de Jesus, para só então ser recebido no Seu reino. Não existe nenhuma doutrina mais ofensiva a Deus e ao Seu caráter de infinita misericórdia, do que a doutrina do tormento eterno.

Tal doutrina somente poderia ter sido engendrada pela mente maldosa de Satanás, que induziu as pessoas a imaginar que o Benevolente e Longânimo Criador pudesse ter um caráter maligno como o seu próprio. Imagine-se uma situação em que um pai ou uma mãe tivessem diversos filhos.

Suponha-se que dentre estes, alguns se tenham destacado por sua obediência e boa conduta, mas que um deles tenha se transformado na “ovelha negra” da família. Todos os esforços e tentativas para que ele se reformasse foram debalde e ele preferiu seguir o seu caminho de maldades. Imagine-se, ainda, que para preservar a harmonia e felicidade dos outros, este pai ou esta mãe tivessem que matar aquele filho para extirpar o câncer que poderia contaminar os outros.

Com que tristeza e dor no coração estes pais dariam cumprimento a esta tarefa! Imagine-se você, prezado leitor, no lugar deste pai, ou melhor, imagine-se no lugar de Deus. Será que teria coragem de condenar ao sofrimento eterno este filho, por causa de uma vida de desobediência e de maldade que tenha durado, digamos, 50, 70 ou 90 anos? Ou será que tiraria a sua vida para que ele não sofresse e nem fizesse seus outros irmãos sofrerem?

Talvez você já tenha sofrido algum tipo de queimadura. Por esta razão gostaria, ainda, de fazer-lhe outra pergunta: será que você teria coragem de manter as chamas de um lampião nas costas de um inimigo por, digamos, uns dez minutos? E se ao invés de um inimigo esta pessoa fosse o seu filho? Tenho a impressão de que você não seria capaz de fazer isto, como eu não seria, também, capaz. Como podemos dizer que Deus é amor e imaginar ser Ele capaz de condenar um filho Seu a incontáveis bilhões de anos de sofrimento atroz e sem esperança? E ao terminar esta inimaginável quantidade de anos, é como se a condenação apenas estivesse começando! Por isto é que reafirmamos ser esta a mais ofensiva de todas as doutrinas mentirosas contra a verdade de Deus e o Seu caráter de infinita misericórdia.

Como se sentiria um pai que ama ao seu filho com profundo amor, ao saber que ele, o objeto do Seu maior cuidado e carinho, imagina ser ele capaz de condená-lo a um destino semelhante? E um filho, ao imaginar ser este pai capaz de fazer tal atrocidade poderia, sinceramente, amá-lo de todo o seu coração, de todo o seu entendimento? Não seria mais natural amá-lo apenas por palavras, por medo, e odiá-lo no íntimo de seu coração?

Deus não criou e nem jamais criará tal lugar de eterna desdita, sofrimento e tristeza para os Seus filhos. O próprio ato de destruir o ímpio para preservar a harmonia do Universo e o bem dos outros filhos é um ato contrário ao Seu caráter benevolente e paternal. Está escrito, a este respeito: “Porque o Senhor se levantará... para fazer a Sua obra, a Sua estranha obra, e para executar o Seu ato, o Seu estranho ato” (Isaías 28:21). Ele fará isso porque não restará nenhuma alternativa, baldados todos os esforços, esgotados todos os recursos do céu, inclusive o oferecimento de Sua própria vida no infinito e incompreensível sacrifício da cruz.

E mesmo porque o ímpio não sentiria nenhum prazer na pureza do céu, obstinado na sua impiedade. Eis o que sucederia se lhe fosse concedida a vida eterna, no reino de Deus: “Ainda que se mostre favor ao perverso, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele comete a iniqüidade, e não atenta para a majestade do Senhor” (Isaías 26:10).

Por esta razão é que o ímpio, o perverso, será destruído de sobre a face da terra, será desarraigado, juntamente com o maior dos perversos, Satanás, e todos os anjos que o acompanharam em sua rebelião contra Deus. São inumeráveis os textos que falam da destruição do ímpio, no lago de fogo, quando então todas as lágrimas serão enxugadas e todos eles serão completamente esquecidos, para que não fique nenhuma lembrança que traga tristeza aos herdeiros da salvação.

É de fundamental importância a compreensão de alguns vocábulos hebraicos e gregos, do original bíblico, que esclarecem o sentido da palavra inferno. Por exemplo, a palavra hebraica seol ou sheol tem a mesma significação da palavra grega hades. Ambas querem dizer a mesma coisa: “sepultura” e são em inúmeros textos traduzidas por inferno. Elas se referem a um lugar subterrâneo, onde se guardam os mortos, lugar de escuridão e trevas.

Pode-se notar em todos os textos oriundos destas palavras, que as mesmas ora são traduzidas por sepultura, ora por inferno, dentre outras, além de trazerem, algumas vezes, a forma original. Por isto é que existe um conceito, não bíblico, de que há um lugar onde os mortos, conscientemente, aguardam o seu destino definitivo, lugar este chamado hades ou seol. Mas na verdade, este é o lugar realmente onde os mortos estão aguardando, mas num sono sem consciência, o dia da sua ressurreição: a sepultura, ou inferno, ou hades; todos têm, nesse sentido, o mesmo significado.

Ao serem examinados os versos seguintes pode-se ter a confirmação desta premissa. Neles o apóstolo refere-se ao cumprimento da profecia do salmista, referente a Jesus e à Sua morte e ressurreição: “Ao qual Deus ressuscitou soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela; porque dEle disse Davi: Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e ainda a minha carne há de repousar em esperança; não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o Teu santo veja a corrupção” (Atos 2:24-27). “Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo: que a Sua alma não foi deixada no hades, nem a Sua carne viu a corrupção” (verso 34).

Note-se que o sentido de sepultura, onde os corpos sofrem a ação da corrupção, foi traduzido de maneira diferente da referência invocada do salmista: “Pois não deixarás a Minha alma no inferno nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção” (Salmo 16:10). Assim, também, outro texto confirma esta afirmação: “Mas Deus remirá minha alma do poder da sepultura (seol), pois me receberá” (Salmo 49:15).

Outro sentido da palavra traduzida por inferno, relacionada com o “fogo eterno”, vem da palavra geena, que quer dizer “vale do filho de Hinon” (Jeremias 7:31). Neste vale, nos arredores de Jerusalém, eram jogados o lixo e os detritos de uma grande cidade de centenas de milhares de habitantes. Corpos de animais mortos, cadáveres de indigentes e malfeitores, lixo e dejetos orgânicos de toda espécie eram ali jogados.

As modernas usinas de tratamento e reciclagem de lixo existentes hoje nas grandes cidades anulam o problema sanitário que certamente existia naquela época e que eram resolvidos pelos métodos de que podiam então dispor. Estes métodos resumiam-se praticamente na utilização do fogo, que era continuamente ateado e realimentado e que não podia apagar-se. Constantemente, diariamente, eram ali atiradas toneladas de lixo e detritos orgânicos que estavam continuamente em combustão.

Este fogo foi utilizado inúmeras vezes por muitos escritores para representar o fogo do último dia, que destruirá Satanás e todos os ímpios. Certamente que aquela era uma fogueira impressionante, que nunca apagava, pois estava sempre sendo realimentada. Ela foi colocada como um tipo do “fogo eterno”, isto é, o fogo que queimava “para sempre” ou “eternamente”. Este é o sentido das palavras olam, do hebraico, e aión ou aiónios, do grego, de onde foram traduzidas as expressões mencionadas, dando-lhes o referido sentido de perpetuidade.

Ora, se tomarmos uma folha de papel e lhe atearmos fogo, o que lhe sucederá? Após as chamas consumirem toda a sua estrutura não terá esta folha sido queimada “para sempre” ou “eternamente”? Assim é o sentido das palavras traduzidas por aqueles vocábulos. Queimaram para sempre, ou seja, enquanto duraram, enquanto houve combustível ou matéria para queimar. Esgotando-se este combustível, ou a matéria, deixaram de queimar, estão destruídas – queimadas – para sempre. Jamais poderão voltar a existir e nem continuarão a queimar indefinidamente.

Assim é que estão queimadas ou destruídas “para sempre”. Aquele fogo olam que queimava “para sempre” nos arredores de Jerusalém e que, pelo texto literal, nunca se apagaria, não existe mais há séculos. O vale do filho de Hinon, que era um terreno árido, transformou-se, adubado pelos detritos orgânicos, num vale fértil, quando a grande fogueira deixou de arder.

As cidades de Sodoma e Gomorra foram colocadas, também, como exemplo do fogo eterno, como está escrito: “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Judas 7). É absolutamente certo e sabido que aquelas cidades, destruídas pelo fogo, hoje não queimam mais. O fogo que as destruiu foi apagado há milênios, após cumprir o seu propósito e objetivo de destruí-las.

Também a cidade de Jerusalém foi colocada como exemplo desse fogo eterno, como se vê da advertência que O Senhor lhe enviou, através do profeta Jeremias: “Mas, se não Me derdes ouvidos, para santificardes o dia de sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará” (Jeremias 17:27).

Sendo a advertência ignorada, foi a sentença então cumprida: “E queimaram a casa do Senhor, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram afogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados...” (II Crônicas 36:19 e 21). O fogo eterno, que pelo texto literal não se apagaria, realmente se apagou. Entretanto ele não foi apagado enquanto não cumpriu o seu propósito, enquanto não queimou, para sempre, o objeto da sentença.

Falando sobre a Nova Terra, a herança dos salvos, no futuro, e sobre a destruição dos ímpios, o Senhor anunciou, através do profeta: “Porque como os céus novos, e a Terra nova, que hei de fazer, estarão diante da Minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante Mim, diz o Senhor” (Isaías 66:22-23).

Então, fazendo uma comparação ilustrativa com o vale dos arredores de Jerusalém, Ele menciona os que serão destruídos no último dia: “E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra Mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror para toda a carne” (verso 24).

Ora, o bicho que nunca morre, ou os vermes, proliferavam naquele amontoado de lixo e o fogo nunca apagava porque sempre havia material para ser consumido e o fogo era constantemente reavivado. É interessante notar-se que o texto se refere a corpos mortos e não almas vivas.

Ora, os corpos sem dúvida desaparecerão depois de completamente queimados. Desta imagem impressiva e tocante serviram-se muitos escritores, repetimos, dela utilizando-se o próprio Salvador, para que aqueles para quem se dirigia Sua mensagem pudessem entender quão terrível é a conseqüência da impiedade e os seus resultados certos.

Eis as Palavras de Jesus, repetindo as palavras do profeta Isaías: “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga; onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (S.Marcos 9:43-44). A advertência de Jesus sobre o destino certo dos ímpios e sua eterna destruição foi repetida em outras ocasiões: “Então dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41).

É significativa a contraposição que Ele faz entre os que receberem o castigo e os que farão jus ao prêmio. “E estes irão para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (verso 46). Inúmeros são os textos das Escrituras que esclarecem que o prêmio é a vida, e o castigo, a morte eterna.

Não há dúvida, pela Palavra de Deus, que a conseqüência do pecado é a morte. A morte, como condenação, é personificada pela sepultura, pelo inferno. Ao resgatar os remidos do poder da morte, ou da sepultura ou, ainda, do inferno, cumprir-se-ão as palavras do Senhor através do profeta, repetidas séculos depois pelo apóstolo Paulo, ao se referir ele à ressurreição dos justos, na vinda de Jesus: “Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição? O arrependimento será escondido de meus olhos” (Oséias 13:14). “Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I Coríntios 15:54-55).

Todos os que confiam no Senhor serão resgatados do poder da morte e do inferno sepulcral: “Como ovelhas são enterrados; a morte se alimentará deles, e os retos terão domínio sobre eles na manhã; e a sua formosura na sepultura se consumirá, por não ter mais onde more. Mas Deus remirá minha alma do poder da sepultura (seol), pois me receberá” (Salmo 49:14-15).

Conclusão

Hoje, as doutrinas da reencarnação e da imortalidade da alma são pregadas em todo o mundo e por todas as formas. A literatura, o cinema, os jornais e a televisão, através de reportagens sensacionalistas e de novelas populares têm bombardeado as consciências de inumeráveis multidões com estes ensinamentos anticristãos. Também através dos púlpitos da maioria das igrejas, as benditas doutrinas da volta de Jesus e da ressurreição têm sido relegadas a um plano secundário e, mesmo, esquecidas, para dar lugar às doutrinas do castigo e da salvação logo após a morte, sem levar em conta o juízo final, o julgamento por que todos terão de passar.

Ora, se as pessoas imediatamente entram de posse da vida eterna e da salvação, logo após a morte, que necessidade haveria de ressurreição? Se já foram recebidas no Céu, no Paraíso de Deus, por que razão Jesus haveria de voltar a este mundo? Da mesma forma, se as pessoas imediatamente após a morte entram na eterna condenação por que razão haveriam de retornar à vida se já estariam vivendo em outra monstruosa e terrível dimensão? O sacrifício de Jesus seria desnecessário se a alma fosse eterna e não pudesse morrer.

Tornam-se confusas e irreconciliáveis as verdades expressas através da Palavra de Deus. A perfeita harmonia nela existente dá lugar a contradições e perguntas irrespondíveis. As verdades de Deus são transformadas em mentira e as pessoas caem no abismo da incredulidade e da dúvida.

Multidões caminham para o abismo, como indefesos cordeiros caminham para o matadouro. A falsa segurança existente nos falsos ensinamentos das religiões populares cega-lhes as consciências e não as deixa ver o terrível risco que correm, embaladas pelas palavras sedutoras que têm inspiração no inimigo de suas almas. Esta é a razão que faz assombroso o descaso e a indiferença das pessoas para com o assunto que diz respeito a sua própria vida eterna, a sua salvação.

A igreja de Roma é responsável em grande medida pela grande apostasia mundial que torna estéreis os sentimentos e vãs as esperanças. Foi ela que deu guarida às doutrinas pagãs que mencionamos.

As cerimônias fúnebres que seus sacerdotes patrocinam bem dão a dimensão do seu distanciamento de Deus e de Suas verdades. Ao aspergir os cadáveres com água benta e “recomendá-los” a Deus, não levam em conta a justiça divina e a responsabilidade que têm diante do Altíssimo pelas pessoas que desviaram da verdade e da vida. As orações intercessórias que dirigem pretendem “convencer” a Deus, como se de alguma forma pudessem alterar o destino definitivo selado pela morte.

Missas são rezadas, cerimônias e orações oferecidas pelas “almas de mortos” e mesmo petições a elas como se pudessem realizar alguma coisa em favor dos vivos. As antigas indulgências que eram, no passado, compradas por dinheiro, hoje ainda são oferecidas através de rezas de missas e terços. A cerimônia da “missa do sétimo dia” tornou-se tradicional, quase que uma obrigação até mesmo social. Elas nada podem fazer pelo morto! Aquilo que se pode fazer por alguém deve ser feito em vida; a morte cerra todas as oportunidades e o destino de cada um.

Ao induzir as pessoas a crer na possibilidade de alteração do destino dos mortos pela ação dos vivos, aquela igreja nada mais faz do que cumprir os desígnios de Satanás na sua obra de engano e desvio das almas do caminho da verdade e da salvação. Mas esta obra de engano vive seus últimos dias. Aquela igreja, representada na Bíblia Sagrada por uma grande prostituta (Apocalipse 17:1-18), colherá em breve tudo que semeou. Está escrito: “Não vos enganeis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7). “O que semeia a mentira colherá a corrupção, a morte; mas o que semeia a verdade colherá a vida eterna” (verso 8).

Mas a igreja de Roma não é a única responsável pelo erro. Ela é, conforme a Bíblia Sagrada, a “mãe das prostituições” (Apocalipse 17:5). Existem as suas “filhas”, que dela herdaram o erro e, em dimensões variadas, o ensinam. As Escrituras chamam a estas de “falso profeta”, porque a palavra profeta, no contexto invocado, significa “ensinador”. Falso profeta é, em realidade, falso ensinador, o que ensina o erro e as verdades desvirtuadas. Por esta razão é que Deus lança o Seu apelo aos filhos que, sinceramente, mas por ignorância, acatam e mesmo defendem estes erros.

Chegará o dia, e ele está próximo, em que ecoará por todo o mundo o clamor de Deus e o Seu convite e advertência para estes: “Saí dela povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18:4).

Não há nada mais triste e lamentável do que o falso consolo que é dado às pessoas que perdem, pela morte, algum ente querido. É bastante comum ouvir-se nos velórios e sepultamentos as frases que procuram consolar amigos e familiares, dizendo: “Deus o levou” ou, “Ele está com Deus” ou, ainda, “Ele está melhor do que nós, está feliz e por nós vai olhar” e outras semelhantes.

Deve-se dar aos que perderam as pessoas amadas, o verdadeiro consolo que vem da Palavra de Deus, da verdade! A elas deve ser dito que os seus mortos nada sentem, nem têm consciência de coisa alguma, mas repousam o sono do qual serão despertados pela ressurreição. A elas deve ser lembrada a esperança do reencontro aqui mesmo na Terra, e o preparo que devem fazer para a vida, aprendendo e ensinando as lições de amor que brotam da Palavra de Deus, do verdadeiro Cristianismo.

A ressurreição é a mensagem de Deus que deve consolar aos que perderam os seus entes queridos. Segundo a Palavra de Deus há esperança no derradeiro fim, que acreditamos se dará ainda nesta geração.

Eis a mensagem que Deus enviou, com séculos de antecedência, de consolo às mães que perderam os seus filhinhos na matança que Herodes promoveu, ao tentar matar a Jesus, ainda criancinha: “Assim diz o Senhor: uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque já não existem. Assim diz o Senhor: reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo (sepultura). E há esperança no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os teus termos” (Jeremias 31:15-17).

A mensagem de esperança do Senhor é de consolo e não de intimidação. Aquele que deu a Sua vida preciosa não Se alegra com o sofrimento de Seus filhos. Quando sobrevém alguma provação a alguém, isto é para o seu próprio bem, porque Deus repreende e castiga aos que Ele ama, como está escrito: “Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem” (Provérbios 3:12). Esta repreensão é uma bênção e não uma maldição: “Bem-aventurado é o homem a quem Tu repreendes, ó Senhor, e a quem ensinas a Tua Lei” (Salmo 94:12).

Note-se mais o propósito de Deus ao corrigir ao filho a quem Ele ama: “Filho Meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por Ele for repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” (Hebreus 12:5-8).

Os pensamentos de Deus para com os homens, são os de um Pai que ama os Seus filhos: “Pois Eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jeremias 29:11). “Porque o Senhor não rejeitará para sempre. Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das Suas misericórdias. Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens” (Lamentações 3:31-33).

Disse Jesus, numa ocasião em que procurava mostrar o caráter de Deus e a relação que existe entre o carinho e atenção paternal entre os homens e o que o Pai Celestial tem por Seus filhos: “Qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (S. Lucas 11:11 e 13).

E os pensamentos e propósitos do Pai Celestial são infinitamente melhores para os Seus filhos do que os dos pais aqui da Terra. Eis o que diz a Bíblia Sagrada: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:6-9).

O desejo de Deus é o de que todos vivam, pois até ao ímpio Ele ama e dele tem misericórdia. A sua destruição final é para o seu próprio bem. Eis o que diz o Senhor: “Vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva...” (Ezequiel 33:11).

Portanto, concluímos afirmando certamente que não podem existir muitas verdades, mas somente uma. Semelhantemente não podem existir muitos caminhos que levam à salvação, mas apenas um. Não existe nada mais perigoso do que o pensamento popular de que todos os caminhos levam a Deus. Igualmente perigoso é o pensamento de que toda religião é boa, porque só ensina o bem. Além de ensinar o bem a religião deve ensinar a verdade.

Finalmente, não existem muitas fontes de vida, mas apenas uma. Todos estes pensamentos confluem para a pessoa de Jesus Cristo. Somente nEle existe tudo. Ele é não somente a Fonte da Vida, mas também o Caminho da vida, bem como a Verdade. Foi Ele mesmo Quem disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (S. João 14:6).

Muitos, infelizmente, têm-se aliado ao inimigo da verdade, buscando na invocação aos mortos o seu caminho. Estes receberão apenas a orientação de demônios. Está escrito: “Porquanto dizeis: fizemos pacto com a morte, e com o inferno (seol = sepultura) fizemos aliança; quando passar o flagelo trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos da mentira o nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos” (Isaías 28:15). A mentira e a falsidade não são refúgio seguro e certamente ruirão no tempo certo.

Ao serem os ímpios destruídos não mais haverá nem lembrança deles. Um pai não se lembrará mais de um filho que pereceu, para não sofrer a saudade e muito menos haverá um lugar medonho de tormento interminável que lembrasse o pecado e o mal. Diz o profeta, ao contemplar a concretização do plano de Deus, ao ser vencida a morte: “E ouvi a toda criatura que está no Céu e na Terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Apocalipse 5:13).

Se existisse um lugar de sofrimento onde ele ficaria, então? E as pessoas que lá estivessem cantariam louvores e ações de graças a Deus e ao Cordeiro? Não! Realmente este lugar somente existe na mente enganadora de Satanás e nas daqueles que persistirem em acatar os seus ensinos e sugestões. Tudo o que a Palavra de Deus afirma que existirão no futuro são bênçãos e não maldições: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque as primeiras coisas já passaram” (Apocalipse 21:4). “Mas, como está escrito: as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam” (I Coríntios 2:9).

Os que amam a Deus devem pregar as Suas verdades e afastar-se do erro, como está escrito: “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá o tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si instruidores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade voltando às fábulas” (II Timóteo 4:1-4).

Faz alguns anos, e o mundo inteiro levantou-se, indignado, pela ação de cinco jovens, ricos e irresponsáveis que se divertiam pela madrugada, na cidade de Brasília. Após uma noite de “curtição”, antes de irem para casa, decidiram-se a fazer uma última brincadeira, uma brincadeira macabra. Resolveram atear fogo em alguém que supunham ser um mendigo. Mais do que um mendigo, aquela pessoa era um pobre índio que chegara tarde à pensão em que se hospedara, encontrando as portas fechadas. Não podendo prever o seu trágico destino, resolveu deitar-se em um ponto de ônibus, naquela que seria a sua última noite.

Movidos pela excitação os cinco jovens – um deles menor – jogaram combustível no corpo do índio e atearam-lhe fogo. Durante alguns breves minutos, que ao índio devem ter parecido uma eternidade, o seu corpo virou uma tocha humana.

Depois de uma agonia atroz, dores lancinantes e inimagináveis, aquele pobre ser humano veio a falecer, sendo a sua morte uma forma misericordiosa de terminar com o seu sofrimento. O mundo inteiro, repetimos, levantou-se – não sem razão – indignado contra este ato de barbárie e violência. Mas, aproveitando este tão infeliz episódio, bem que poderíamos aproveitá-lo para um instante de reflexão, no que diz respeito ao destino final dos homens ímpios, que não hão de herdar a salvação, a vida eterna.

Se considerarmos, num pensamento mórbido e inadequado, apenas para comparação, que aquele ser humano era apenas um índio, um índio pobre e que para aqueles rapazes que apenas queriam se divertir era apenas um estranho, e não o conheciam, ainda assim a nossa indignação permanece. Por mais impessoal que fosse a relação entre eles, por mais insignificante que fosse a vítima, tais razões não podem diminuir a dimensão do ato e nem a justa indignação que provocou.

Se esta indignação atingiu no mundo todo tal dimensão, o que não dizer da indignação de todo o Universo com relação a um tema intimamente relacionado com o dos jovens e do índio, em Brasília? O que desejamos, com todo o respeito para com este assunto sagrado, é estabelecer uma relação com o ato daqueles rapazes, e o ato de Deus, na condenação daqueles que não vão herdar a vida eterna.

A Bíblia Sagrada afirma categoricamente e disto temos a mais absoluta convicção, que Deus é amor. Está escrito: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (I João 4:8). Se a natureza humana se insurge e se revolta contra alguns rapazes irresponsáveis que ateiam fogo num estranho, que agoniza por uns breves minutos, o que não dizer de um pai que tivesse a coragem de praticar tal ato, não contra um desconhecido, mas contra um filho a quem professa amar? E se ao invés de queimá-lo por alguns minutos, apenas, ele o deixasse a queimar por toda a eternidade, perdido na mais absoluta e total desesperança? Qual filho em sã consciência poderia amar um pai assim? Ao invés de amor, teria ele infinito medo e pavor desse pai.

Como dizer que Deus é amor e imaginar que Ele pudesse ser capaz de cometer tal atrocidade com um filho que ama com terno amor? A doutrina do inferno eterno é a mais absurda e diabólica e a mais ofensiva de todas as doutrinas ao caráter de Deus. Ela retrata isto sim, o caráter maligno de Satanás, ao invés de revelar o caráter misericordioso de um Deus que foi capaz de dar a Sua vida por Seus filhos.

Prezado leitor, perdoe-me pela pergunta, mas como você imagina que é o caráter de Deus? Melhor ou pior do que o seu? Você seria capaz de criar um inferno e nele jogar um filho, um irmão ou sua mãe? Acredito sinceramente que você não seria capaz dessa maldade. Eu também não seria capaz disso. Acredito, também, que você não se julga, como eu, melhor do que o Pai Celestial, infinitamente bom, sábio e justo. Será que Ele criaria, então, esse lugar de inspiração satânica?

OBSERVAÇÃO: Este texto foi transcrito do tema “RESSURREIÇÃO OU REENCARNAÇÃO”, disponibilizado neste site.