O cristianismo é hoje a maior força religiosa do planeta. Mais de dois bilhões de pessoas ou cerca de um terço da humanidade é ou se dizem cristãos. Mas ao se fazer uma análise séria e crítica do mundo cristão não se pode deixar de ficar perplexo com o imenso abismo que divide os milhares de correntes que compõem este segmento religioso. Na verdade parece mesmo que não existe um Cristo, mas uma infinidade de “cristos”, tal a diversidade dos ensinos e das doutrinas que assombram um expectador isento que procura entender ou compreender a razão de tantas diferenças de cultos, práticas e dogmas existentes entre seus seguidores.

O manso e humilde Homem de Nazaré tem sido usado por pessoas e instituições inescrupulosas, seus princípios e ensinamentos jogados por terra e alterados por outros que são exatamente o oposto do que encarnou o Príncipe da Paz, o Messias e Salvador prometido na aurora da humanidade, quando a desobediência de nossos primeiros pais ocasionou a maldição que até hoje assola nossa existência, sendo a principal conseqüência a condenação à morte, a cessação da existência.

A guerra deflagrada entre duas das maiores emissoras de televisão do país envolvendo dirigentes de uma grande igreja com ramificação em inúmeros países ao redor do mundo traz à baila muitas reflexões que levam à conclusão de que o cristianismo moderno difere em quase tudo do cristianismo ensinado por Jesus Cristo e vivido por Seus apóstolos e os cristãos primitivos.


O maior líder cristão é sem dúvida o papa Bento XVI. Vamos citar apenas alguns líderes somente em nosso país, chamados de apóstolos, bispos, missionários etc., somente com o intuito de fazer-se algum tipo de comparação entre o que ensinavam os líderes cristãos do passado, a começar pelo Seu líder maior e estes que hoje conduzem imensos rebanhos por um caminho diferente daquele indicado no passado.


Questionada na justiça por desvio de recursos de sua finalidade religiosa, os líderes de uma igreja neopentecostal que se transformou num dos maiores fenômenos de crescimento religioso da história recente alegaram praticar o que a maior parte das instituições religiosas da atualidade praticam: a TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, ensinamento que se iniciou e tomou vulto no início do século passado.


Este ensinamento incentiva a busca da prosperidade material, o que em si mesmo nada traz de errado, pois na verdade Deus Se compraz na prosperidade de Seus filhos, conforme atesta a própria Bíblia Sagrada (Salmos 35:27). Deus nada tem contra eles possuírem riquezas e dinheiro, pelo contrário. O que Ele condena e que chama de “a raiz de todos os males” é o amor a estas coisas, como está escrito: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo 6:10).


Com a mesma intensidade com que pregam a “teologia da prosperidade” estas igrejas populares que infestaram o mundo todo e atraem milhões de seguidores apregoam as CURAS MILAGROSAS, como sinal e prova de sua procedência divina. Mas nenhuma destas duas coisas é prova de nada. Tanto é verdade que o próprio Jesus Cristo afirmou de maneira categórica que quando, no futuro e na separação das “ovelhas e dos bodes”, ou do “joio e do trigo”, muitos reivindicarão exatamente estas coisas, e receberão a terrível resposta que os deixará dolorosamente surpresos e irremediavelmente perdidos. Eis o texto sagrado: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, Lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:22 e 23).


O cristianismo moderno e popular tem se desviado no mundo todo do seu propósito original e de sua pureza apostólica. Quando Jesus afirmou: ”O meu reino não é deste mundo” (João 18:36) Ele não estava sofismando ou brincando. Mais do que isto Ele disse claramente: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam” Mateus 6:19 e 20).


Quando Jesus fez estas afirmações Ele estava simplesmente repetindo as Escrituras Sagradas, ao afirmarem que Deus colocou o homem, no princípio, como príncipe deste mundo, estando a ele sujeitas todas as coisas nele existentes. Ao ser enganado por Satanás, este lhe usurpou aquelas prerrogativas, o que foi afirmado por ele próprio, no deserto da tentação ao oferecê-las a Jesus, como está escrito: “e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mateus 4:9), e por Jesus, na véspera de Sua morte, ao afirmar: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo”. E, “Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim” (João 12:31 e 14:30).


Jesus nasceu numa manjedoura, entre animais, quando poderia ter nascido num palácio. Capricho da parte de Deus? Não! Ensinamento e exemplo.


Jesus vivia da caridade de pessoas, sendo o dono do universo. Eis o que dizem as páginas sagradas sobre o assunto, quando foi Ele questionado a respeito “Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20). Capricho da parte Dele? Não! Ensinamento e exemplo.

Obs: As imagens acima são, respectivamente, a mansão do bispo Edir Macedo e o Castel Gandolfo, residência de veraneio do papa.

Para Jesus as pessoas tinham um peso e valor infinito, valendo uma pessoa por mais pobre, humilde e aos olhos humanos desprovida de qualquer valor, mas aos olhos do sublime amor mais valiosa do que todos os tesouros da terra. Na mesma proporção em que amava as pessoas Ele desprezava as riquezas e bens materiais e mundanos. Capricho? Não! Princípio de vida, exemplo e ensino.


Jesus amava de tal maneira cada ser humano que desceu de Seu alto e sublime trono, deixou a adoração dos anjos e de todo o universo para enfrentar, como homem de dores, uma vida de humilhações e dificuldades e uma morte horrenda e cruel. Isto não para salvar homens bons e justos, porque não os há. Para salvar criminosos, prostitutas e pecadores. O trilhar Ele este caminho o fez por capricho? Não! Para pagar o preço do pecado e dar ao homem o direito de viver eternamente, como no plano original de Deus, vencido o poder da morte, resultado da desobediência de Sua lei, do pecado cometido por nossos primeiros pais.


Porque então não se prega hoje o mais importante da lei, a justiça e o juízo? Porque não se prega a salvação eterna e a felicidade da imortalidade nesta mesma terra redimida e recriada com mais beleza do que o Éden original? Por que não se prega a ressurreição dos mortos e a eterna bem-aventurança num mundo livre do pecado, do sofrimento e da corrupção? Por que não se prega a restauração do Evangelho Eterno de um Deus que não muda e cujas leis são santas, justas e boas, jogadas por terra, pisadas a pés por um poder apóstata e que o mundo reverencia? Porque não se prega hoje o que Jesus pregava? E os profetas e apóstolos anunciavam e ensinavam?


A resposta é simples: É porque o mundo se desviou dos princípios deixados por Deus desde a queda do homem, passando pelo período antediluviano, pela era Abraâmica, pela instauração do reino de Israel após o cativeiro egípcio, pelos quarenta anos no deserto, pela solene manifestação divina do Sinai quando em tábuas de pedras Deus inscreveu com letras de fogo, com Seu próprio dedo, os princípios eternos de Sua Lei de amor, pelos patriarcas e profetas, pelo cativeiro babilônico, pelo cumprimento das profecias na plenitude dos tempos quando veio Jesus, pela igreja primitiva perseguida por Roma, primeiramente pelos césares e depois pelos papas? Finalmente pela apostasia moderna, quando não há uma linha divisória entre cristãos e pessoas mundanas.


E o mais importante que tudo isto já estava há milênios predito pelos profetas, pelos apóstolos e pelo próprio Jesus. E o tempo vai passando, e a arca vai sendo construída e muitos que a constroem estarão de fora dela quando vier o dilúvio de fogo que os consumirá pela glória da volta de Jesus.


O cristianismo é um princípio vital. Ele não se mistura com o mundo, assim como a água não se mistura com o óleo. Os cristãos estão no mundo, mas não pertencem ao mundo. Eles TÊM que ser DIFERENTES ou então não são cristãos. Não se é cristão apenas pela igreja que se freqüenta, ou pela afirmação que se ostenta. Também não se é cristão pela aparência exterior. O verdadeiro cristão é uma figura diferente, considerada muitas vezes como fanática, louca, extremista, como foram considerados Noé, Ló, José, Daniel e Paulo, dentre milhares de outros heróis da fé.


No seu fanatismo e aparente loucura Noé não ficou fora da arca quando veio o dilúvio. Ló não foi destruído juntamente com a ímpia Sodoma. José não condescendeu em simplesmente se desviar da tentação da carne, mas a repudiou com a firmeza que a confiança em Deus lhe outorgara. Daniel não se assentou fazendo de conta que comia dos manjares do rei, mas corajosamente enfrentou o problema e suas conseqüências. Paulo perdeu a cidadania romana, a autoridade dos judeus, a honra e as riquezas mundanas que possuía, trocando-as pela loucura do Evangelho, perdendo tudo, aos olhos do homem, até a cabeça e a vida, mas ganhando uma coroa eterna de glória, a ser recebida quando Jesus retornar a este mundo.


O cristão tem que ser cristão na riqueza e na pobreza. No comportamento social, profissional e religioso. Na fidelidade aos princípios da Lei de Deus e do amor cristão. No comer, no beber, no vestir e no falar. Na angústia e na alegria. Na vida e na morte. Senão o que professa é um falso cristianismo que conduz à porta larga dos prazeres mundanos e à perdição. Este é o mais fatal de todos os enganos que somente se revelará quando a perdição for uma realidade em sua vida e não houver mais retorno possível. Então haverá tardio arrependimento, semelhante ao de Judas, clamor e ranger de dentes pela salvação rejeitada e para sempre perdida.


Compare a vida de Jesus com a vida dos líderes religiosos da atualidade. Aquele que deixou os tabernáculos eternos para viver como um pobre peregrino nada teve, nada quis. E os que se dizem Seus seguidores e mesmo representantes? Onde moram, o que comem, o que vestem, o que pregam?


A quase totalidade mora em castelos, palácios e mansões suntuosas, vestem-se de púrpura e escarlata, seda e linho fino, griffes famosas e caríssimas. Banqueteiam-se como os antigos reis pagãos. E o que é pior, pregam um evangelho espúrio, falso e falsificado, ofensivo ao Deus Todo-Poderoso, a quem jogam a pecha da imperfeição, seja por criar um mundo imperfeito, que necessitou evoluir, seja por instituir leis imperfeitas que necessitaram ser modificadas ou alteradas pela sabedoria ou interesses humanos, seja por ser ofendido com a pior de todas as ofensas, a de criar um lugar de sofrimento eterno, um inferno onde seriam jogadas para queimar, para todo o sempre, miseráveis criaturas que por um breve período de vida neste mundo receberiam a condenação de um sofrimento sem esperança e sem fim.


Apenas para ilustrar a incoerência desse ensinamento monstruoso, que Roma herdou dos pagãos babilônios e persas, modificado pelos gregos, com os quais encheu seus cofres com a ameaça do fogo eterno e a venda do perdão em troca de dinheiro por meio das indulgências e relíquias de santos, vamos lembrar um fato que levou a mais profunda e absoluta indignação para o mundo inteiro. Foi quando um grupo de rapazes irresponsáveis e bêbados, pertencentes à classe social dominante em Brasília, resolveu divertir-se, ateando fogo a um pobre índio, chamado Galdino. Encharcando-o com gasolina aproveitou-se de que ele dormia em um ponto de ônibus e tocou-lhe fogo.


Depois de uma dolorosa e breve agonia o pobre índio veio a falecer. Era só um índio, chegaram a ter a ousadia de dizer. E aí? Se um simples índio agonizou por poucas horas e provocou a revolta de todo o planeta, o que dizer do repúdio dos anjos que estã familiarizados com o amor do Pai Celestial, com relação à idéia de que aquele que rejeitar a salvação sofrerá como o pobre índio, porém por toda a eternidade? Pode haver um pensamento mais cruel do que este? Então qual será o castigo do ímpio, aquele que rejeitar a graça e a salvação? Basta responder a outra pergunta: Qual o prêmio para quem aceitar a Jesus Cristo e o Seu sacrifício? A resposta vem rápida e clara: A VIDA ETERNA. Também rápida e clara deve ser a resposta da mesma pergunta para aquele que O rejeitar: A MORTE ETERNA, porque a morte é o contrário da vida, a sua ausência.


Que tipo de cristão é você? É seu sonho e esperança ter sucesso e riqueza nesse mundo por brevíssimos anos, quando o poder se esvai com a brevidade da vida, como a nuvem que passa ou a erva que murcha? Você valoriza mais as coisas ou as pessoas? Você tem algum tipo de ressentimento ou rancor por alguém? Lembre-se que a Palavra de Deus não é retórica, ela é real e literal.


A Palavra de Deus afirma categoricamente que aquele que não se fizer como uma criança, isto é, não guardar rancor e ser puro de coração de maneira alguma entrará no Reino dos Céus. Perdoe e ame aos seus inimigos, isto é, aqueles que se dizem ser seus inimigos, porque como cristão você não os pode ter. Ore por aqueles que desejam o seu mal ou que lhe trazem tristeza ou prejuízo. Bendiga os que o maldizem. Ame aos seus irmãos, mesmo aqueles que lhe parecem insuportáveis. Tolere-os, pois também são filhos do Seu Pai que está nos céus, porque não importa o que sejam ou o que fazem, ou o que fizeram eles são amados pelo Criador e Mantenedor de todas as coisas, com o mesmo amor com que Ele ama a você.


Aqui está a grande contradição. Se você buscar os bens terrenos, ainda que os consiga, eles lhe serão uma maldição. E no fim serão deixados para trás, para que outros deles se apropriem. Se você buscar os bens eternos, o reino de Deus que não é deste mundo, ainda que o mundo o considere louco, o Deus eterno o considerará sábio. A sabedoria do mundo é loucura para Deus, assim como a loucura do mundo é considerada sabedoria para o Senhor Todo-Poderoso.


Seja louco POR DEUS e louco PARA O MUNDO. Seja verdadeiramente cristão. Então você sentirá o que significa a palavra paz e esperança. Então você contemplará o futuro para além da sepultura. Então você saberá que muito em breve, quando as catástrofes naturais estiverem destruindo a terra, quando as guerras, pestilências, pragas e desespero estiverem assolando o planeta você estará num protegido retiro, aguardando o dia em que verá as sepulturas se abrindo e pessoas conhecidas que já se foram retornando à vida com um corpo imortal, perfeito, semelhante ao corpo de Jesus, para viver uma vida que terá a duração da Sua vida. Você verá o céu se abrir como um pergaminho e ao som do cântico de milhões de milhões de anjos, entre as nuvens do céu, Jesus com uma resplendente coroa de glória, aquele mesmo que um dia foi coroado com uma coroa de espinhos.


E num momento, num abrir e fechar de olhos você se verá, também, transformado à imagem e à semelhança dAquele que estará contemplando em Sua indescritível glória e que também estará olhando prá você, com a alegria de saber que o Seu sacrifício não foi vão para sua vida. O mesmo olhar e atenção com que você se sentirá premiado no momento da sua glorificação e vitória é o mesmo olhar e atenção que Ele devota a você neste exato instante, neste momento que é de provação e de lutas. Portanto, escolha o seu futuro, agora. Escolha o lado do cristianismo de Jesus, em vez do cristianismo dos charlatães e dos falsos cristos e falsos profetas.