Deus é o supremo Criador do universo, cujos caminhos são insondáveis e cujo infinita misericórdia e justiça estão acima da compreensão humana. Eis o que manifesta a Sua Palavra escrita, a Bíblia Sagrada: "O teu caminho, ó Deus, está no santuário" (Salmos 77:13)

Qual a impo
rtância e significado desse verso bíblico no contexto da redenção da humanidade? Poucas pessoas há que possam discernir a sua importância no conhecimento e interpretação das solenes verdades nele contidas. TODO o ensinamento bíblico judaic0-cristão estão resumidos na simbologia e no ritual do santuário, tanto o antigo instituído no deserto por Deus por direta orientação dada a Moisés, quanto o extraordinário templo construído por Salomão e depois reconstruído por Esdras e ainda mais tarde por Herodes.

O magnificente templo de Salomão foi considerado como uma das sete maravilhas do mundo antigo. Entretanto ele obedecia em absolutamente todos os detalhes as proporções do modesto santuário construído no deserto, bem como continha todo o mobiliário, decoração, utensílios e tudo mais que foi mostrado por Deus para servir de modelo, conforme o santuário existente no Céu e que o próprio Criador mostrou a Moisés, como está escrito, a respeito das instruções dadas para sua construção: "Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte" (Exodo 25:40). E, mais: "Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte" (Exodo 26:30).

É importa
nte lembrar duas coisas de fundamental importância para a compreensão do presente estudo: As coisas de Deus são sagradas. Ele nada faz por mero capricho e todas as instruções contidas em Sua Palavra têm uma finalidade útil e proveitosa para Suas criaturas e Seus santos propósitos. Está escrito: "Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR teu Deus, QUE TE ENSINA O QUE É ÚTIL, e te guia pelo caminho em que deves andar" (Isaías 48:17).

Portanto
fica claro que o SENHOR, ao instituir as cerimônias do santuário terrestre, modelo do santuário celestial, tinha um objetivo prático, simbólico e instrutivo, para a comprensão da obra da redenção da humanidade, executada por Jesus, o Unigênito de Deus, que deu vida ao homem no Éden e deu a Sua vida na cruz para que a vida humana pudesse ser perpetuada por Seu sacrifício vicário, ou seja, substituto.

A morte na
cruz e Sua ressurreição abriram a oportunidade para que o homem condenado à morte eterna pudesse novamente ter a oportunidade de receber a vida eterna, perdida no Éden, por ocasião do pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais. Eis a prova incontestável dessa afirmação: "Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo" (I Coríntios 15:21 e 22).

OS DOIS CONCERTOS:

Muitos cristãos sinceros têm ficado em perplexidade e dúvidas com relação à carta que Paulo, chamado o Apóstolo dos Gentios, escreveu para os de sua raça e religião, os HEBREUS. Esta matéria foi id
ealizada e escrita para responder às dúvidas manifestadas com realação aos dois concertos e à "abolição" da lei, que "envelheceu" o primeiro concerto, que por esta razão está perto de acabar (Hebreus 8:13).

Não se pode jamais esquecer que a justiça de Deus é eterna, que Ele não mente e não muda e que Ele cumpre todas as Suas promessas. "Para sempre, ó Senhor a Tua palavra permanece no Céu" (
Salmos 119:89).

O primeiro concerto da graça divina foi manifesto ainda no Éden, quando o Criador prometeu que a descendência da mulher pisaria a cabeça da serpente, (destruição de Satanás), ainda que à custa do sacrifício da cruz (a picada no calcanhar). A nudez do primeiro casal foi coberta com a pele do cordeiro morto para tal, simbolizando que a justiça de Cristo é que seria a sua veste simbólica dali em diante. A partir de então, foram instituídos os sacrifícios de animais perfeitos, cordeiros sem mancha, representando o verdadeiro Cordeiro de Deus que viria no futuro para tirar o pecado do mundo.

Sempre que o homem pecasse ofereceria, simbolicamente, o sacrifício de um animal, sobre o qual lançaria a culpa do seu pecado, manifestando arrependimento e fé no sacrifício vindouro, repres
entado pela morte do próprio Criador.

Quando o santuário foi levantado ele continha três partes: o pátio dos sacrifícios, o lugar santo e o lugar santíssimo. Na primeiro, cuja porta era chamada CAMINHO, eram sacrificados os animais sem mancha, diariamente, nos sacrifícios da manhã e da tarde. Na segunda, chamada VERDADE, os sacerdotes ministravam diariamente, lançando sobre a mesma a culpa do pecado dos adoradores, contaminando-a. Na terceira, chamada VIDA, era realizada a mais solene das festas cerimoniais, chamada O DIA DA EXPIAÇÃO. No décimo dia do sétimo mês o Sumo-Sacerdote, somente ele e somente naquele dia entrava no lugar santíssimo para fazer a purificação do santuário. Toda estas cerimônias não eram invenções dos hebreus, mas EXPRESSA DETERMINAÇÃO DE DEUS. Assim os hebreus adoravam e aguardavam o tão sonhado Messias. E ele veio no tempo certo e no lugar indicado. "Ele veio para o que era seu e os seus não O receberam" (João 1:11).

Quando Jesus, o Cordeiro de Deus, foi imolado na Cruz, exatamente na hora do sacrifício da tarde, o v
éu do templo que separava o lugar santo do lugar santíssimo foi rasgado de alto a baixo. O lugar mais sagrado da terra, indevassável aos olhos mortais ficou exposto para os sacerdotes apavorados por causa dos sinais que se seguiram à morte do Filho de Deus. Naquele momento tudo o que estava prefigurado no tão rico e representativo sistema sacrifical chegou ao seu final, tendo cumprido o seu objetivo por tantos e séculos e mesmo milênios. O tipo encontrara o antítipo, a sombra encontrara a figura. Assim é que Paulo escreveu que tudo aquilo, que como um ensinador, um aio, por tanto tempo conduzindo os adoradores havia sido pregado na cruz, deixado de fazer sentido.

Tudo o
que fora mencionado por patriarcas, profetas, e nos salmos, havia se cumprido na cruz, no que se refere à primeira parte do ministério de Jesus, o homem de dores que foi levado ao matadouro como um cordeiro mudo e levou sobre si o pecado de muitos, de todos aqueles que o aceitarem. (Salmos 22; Isaías 53).

O segundo concerto não é um concerto diferente do primeiro. É, igualmente, um concerto da graça de Deus com o homem. O que mudou é que tudo que prefigurava o Salvador por meio de símbolos deixou de ter utilidade, pois aquilo que era simbolizado como a luz da lua, antes de Cristo, passou a ser iluminado com o Sol da Justiça, ofuscando todo o antigo ritual e tornando-o desnecessário, por já ter cumprido o papel para o qual fora instituído (Apocalipse 12:1 e 2).

O Evangelho de Deus é eterno. Sua justiça e suas verdades são eternas. Sua Lei e Seu caráter são imutáveis, eternos. A Bíblia Sagrada, separada em duas partes - o Antigo e o Novo testamentos - não se contradiz. O Antigo testificava de Jesus, provido pelo Pai por meio de Seus fiéis mensageiros apontava para o Messias vindouro, e dEle testificava. O Novo apenas comprovou o que dEle estava escrito e relata a história de Sua vida e de Seu ministério. Ele confirma o Antigo e acrescenta luz no caminho da salvação do homem.

Há que se ter em conta que a carta aos Hebreus foi escrita para a nação que durante tanto tempo observara um ritual típico e que ao longo dos séculos foi deixando de enxergar o Messias prefigurado em seus símbolos e pela sua tradição foi cada vez mais se apegando aos rituais pelos que eles eram e não pelo que simbolizavam.

Por esta
razão eles se obstinaram em renunciar e abandonar aqueles antigos ritos, o sacrifício de animais, a circuncisão, todos os simbolismos e rituais de sua fé. Foi para eles e nesse contexto que Paulo escreveu, para abrir-lhes os olhos e o entendimento, assim como Jesus falou aos discípulos de Emaús, Pedro falou no dia de Pentecostes, Estêvão falou no Sinédrio no dia em que foi apedrejado e Filipe falou ao eunuco etíope, no dia em que o batizou.

O capítulo 8 da carta aos Hebreus tem que ser estudado no seu contexto geral e especialmente com atenção ao capítulo 9. O Sumo Sacerdote do Novo Concerto é Jesus Cristo, que cumpre exatamente, no santuário celestial, o que
todo o povo do Antigo Testamento realizava por meio dos sumos-sacerdotes hebreus.

Existe um sa
ntuário no céu? Certamente, sem nenhuma sombra de dúvida. A Palavra de Deus estabelece que o primeiro santuário era apenas uma "alegoria", ou seja, um símbolo do verdadeiro santuário, construído não por mãos de homens, mas pelo próprio Deus, onde Jesus hoje oferece não sangue de cordeiros ou de outros animais, mas o Seu próprio sangue, incontaminado e precioso, para remissão de nossos pecados.

Leia, prezado amigo e irmão, todo o conteúdo da carta aos Hebreus, tendo em mente que Paulo escrevia para um povo especial, peculiar, mostrando as mudanças que tinham de acontecer na forma d
e adoração, visto que tudo que o primeiro sistema prefigurava havia se cumprido na pessoa de Jesus. Leia especialmente os capítulos 8 e 9, conjuntamente, e não haverá dúvida de que Paulo fala da eterna redenção que há em Jesus, que hoje, no lugar santíssimo do santuário celestial intercede por Seus filhos que nEle confiaram a sua vida e a sua salvação.