O centro mesmo do plano divino da redenção do homem, concretizado no sacrifício da cruz, está no santuário. Não é sem motivo que a Palavra Sagrada do Senhor expressa, solenemente: "O TEU CAMINHO, Ó DEUS, ESTÁ NO SANTUÁRIO" (Salmos 77:13).

Ao se descortinar para o pesquisador das Escrituras as maravilhas do Santuário de Deus as verdades da redenção fluem com um poder avassalador e aquilo que se podia apropriar apenas pela fé, é então e agora recebido na mente e no coração pelo CONHECIMENTO.

Todo o plano de Deus, idealizado antes da fundação do mundo, revela-se de maneira poderosa no ritual do santuário, mesmo no santuário terrestre, construído sob a supervisão de Moisés e cujo modelo foi diretamente instruído por Deus, conforme o modelo do Santuário Celeste, cujas medidas e cujos utensílios tinham um significado próprio e futuro, no desenrolar do plano da redenção, até ao seu ato final, no futuro.

Toda a instrução bíblica e todas as revelações das Sagradas Escrituras foram dadas por Deus para uma finalidade ÚTIL. Nada que venha de Deus é debalde ou em vão. (I Coríntios 12:17).

Cometem grave erro aqueles que imaginam que os ensinamentos do Antigo Testamento caducaram ou perderam o seu valor. É do Senhor Jesus a sublime recomendação: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam" (João 5:39). As Escrituras a que o Senhor Se referia eram as do Antigo Testamento, porquanto ainda não existiam as do Novo Testamento, que começavam a ser construídas pela vida humana do Salvador e dos escritores que iriam testemunhar as Suas obras e o nascimento do cristianismo.

O Santuário terrestre foi construído por ordem do próprio Deus e serviria para Sua "morada" com os homens, segundo a Sua promessa: "E me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êxodo 25:8). E Moisés supervisionou a construção do Santuário, que foi uma CÓPIA EXATA do que Deus lhe mostrara no Monte, como está escrito: "Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte" (Êxodo 26:30). Milênios depois das instruções dadas a Moisés Paulo deu testemunho da finalidade da ordem dada por Jeová, o Senhor dos Exércitos: "Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou" (Hebreus 8:5).

Então, existe um Santuário Celestial? CLARO! Ele é a base e fundamento do maravilhoso plano da redenção da humanidade, centralizado no sacrifício de Jesus, simbolizado pelo Cordeiro de Deus que foi morto "desde a fundação do mundo" (Apocalipse 13:8). É nesse local sagrado que se desenvolve o trabalho da expiação, exemplificado e tipificado pelo antigo ritual do santuário, revelado por Deus e ensinado por Moisés aos hebreus e que servia como substituto nos tempos da dispensação judaica, os tempos do Antigo Testamento.

O SACRIFÍCIO DIÁRIO

O antigo santuário do deserto, depois substituído pelo templo construído por Salomão tinha as mesmas medidas padronizadas e os mesmos utensílios, representativos daqueles que foram divinamente mostrados como exemplo das coisas celestiais. Ele era dividido em 3 partes. O pátio, onde era morto o sacrifício, o lugar santo, onde era ofertado o sangue do sacrifício, no altar para este fim existente e o lugar santíssimo, ou o Santo dos Santos, onde ficava a Arca do Concerto, o mais sagrado de todos os objetos de culto de Israel e dentro da qual ficavam as tábuas da Lei dos Dez Mandamentos, sob o propiciatório, que é onde se manifestava o SHEKINNAH, a glória visível do Deus Todo-Poderoso.

Durante todo o ano eram oferecidos os sacrifícios diários, o da manhã, às 9 horas e o da tarde, às 15 horas. O sangue das ofertas era oferecido por todo o povo, mas somente aqueles que o aceitassem, dele se beneficiariam para perdão dos seus pecados, individualmente. Assim como o sangue de Jesus é oferecido por toda a humanidade, somente as pessoas que dele se apropriarem, dele se beneficiarão, para perdão dos seus pecados. Assim, o sangue contaminado pelo pecado, simbolicamente, era lançado diariamente sobre o santuário, no ritual estabelecido por Deus. O DIA DA EXPIAÇÃO

Havia um dia especial no sistema sacrifical, que era o dia do PERDÃO. Era o dia mais sagrado do antigo Israel, dia em que toda a nação era convocada em santa convocação e que toda a alma era afligida e devia comparecer diante de Deus. Era o dia da EXPIAÇÃO, celebrado no décimo dia do sétimo mês do calendário hebraico. Era o dia mais solene do ano, a festa mais sagrada, o dia do JUÍZO, em que o pecado era perdoado e toda a nação se regozijava no perdão concedido a todo aquele que o buscava do Senhor.

Este era o único dia em que um ser humano podia entrar no lugar santíssimo e comparecer diante de Deus. O Sumo Sacerdote se despia de suas vestes costumeiras e vestido de linho branco oferecia o sacrifício que devia purificar o santuário, contaminado pelo pecado durante todo o ano, diariamente. Ele representava o nosso Sumo Sacerdote - JESUS - que hoje comparece diante do Pai na cerimônia do JUÍZO e do perdão, levado a efeito no Santuário Celestial.

Dois bodes eram escolhidos e sobre eles lançavam sortes. Um representava o Senhor e o outro o inimigo de todo o bem, Satanás, designado por AZAZZEL, no ritual típico. Jesus foi feito pecado e assumiu toda a culpa da humanidade caída. Ele era representado pelo bode sobre o qual recaíam as culpas do Seu povo e era sacrificado e seu sangue era aspergido sobre o propiciatório, onde ficava a sagrada Lei transgredida e que requeria a morte do transgressor. Assim era representado em símbolos o que ocorreria no futuro, no Santuário Celestial.

O bode que representava Satanás era levado por alguém especialmente designado para um lugar deserto e lá deixado, designando a prisão a que o Rebelde Maior será destinado, quando após a vinda do Senhor Jesus ele aqui ficar aprisionado num mundo desabitado, escuro, representado pelo abismo que era a terra, antes de nela ser criada a vida, aguardando o momento de ser destruído no lago de fogo (Gênesis 1:2 e Apocalipse 20:1-3 e 9-10). Então será chegado o dia do ajuste de contas, onde ele se transformará em cinzas, como todos os anjos e homens que o acompanharam em sua rebeldia (Isaías 14:19; Ezequiel 28:18 e 19 e Malaquias 4:1).

O SANTUÁRIO CELESTIAL

Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, foi morto no pátio, representado pela terra, o nosso pequeno mundo caído. Ao subir aos céus Ele prometia o envio do Espírito Santo, quando foi elevado às alturas, à vista de uma grande multidão. Nessa ocasião soleníssima dois anjos consolaram os Seus queridos seguidores, com a sublime promessa de Sua volta a este mundo e com a afirmação de que houvera sido recebido em cima, no Céu: "Varões galileus, por que estais olhando para o Céu? Esse Jesus, que dentre vós FOI RECEBIDO EM CIMA NO CÉU, há de vir assim como para o Céu o vistes ir" (Atos 1:11).

Ao dar início ao Seu ministério no Santuário Celestial Jesus cumpriu a promessa de enviar o Consolador, o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, uma das festas típicas estabelecidas por Deus para ser observada pelo povo hebreu (Atos 2:1-12).

Então o apóstolo Paulo exemplifica: "Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, Ministro do Santuário, e do VERDADEIRO TABERNÁCULO, o qual o Senhor fundou, e não o homem" (Hebreus 8:1-2).

No capítulo 9 da carta aos Hebreus Paulo esclarece o propósito do culto no santuário terrestre, simbólico do sagrado ministério do Senhor Jesus no Céu. Ele afirma não ser esse tabernáculo feito por mãos, não sendo desta criação, e que não comparece diante de Deus pelo sangue de animais, como no ritual simbólico, mas por seu próprio sangue, como está escrito: "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no Santuário, havendo efetuado uma eterna redenção" (Hebreus 9:11-12). Ele completa: "Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, FIGURA DO VERDADEIRO, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus" (Verso 24).

QUEM VIU O SANTUÁRIO CELESTIAL?

Porventura alguém já viu o Santuário Celestial? Deus mostrou a diversos dos seus escolhidos servos a Divina Morada, onde hoje se desenrolam os mais solenes acontecimentos relacionados à redenção da humanidade.

A Daniel foi mostrado, em visão, o momento em que Jesus saía do lugar santo para comparecer diante de Deus, no lugar Santíssimo, ao dar início ao JUÍZO por que terão de passar todas as pessoas que viverem nesse mundo. Está escrito: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o FILHO DO HOMEM; e dirigiu-se ao ANCIÃO DE DIAS, e O fizeram chegar até Ele (Daniel 7:13). O que acontecia nessa ocasião solene? Qual a razão da revelação ao profeta de Deus? Era o início do JUÍZO, o dia prefigurado no antigo ritual como o DIA DA EXPIAÇÃO. Eis o relato sagrado: "Eu continuei olhando, até que foram colocados uns tronos, e um ANCIÃO DE DIAS Se assentou: o Seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da Sua cabeça como a limpa lã; o Seu trono chamas de fogo, e as rodas dele fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dEle: milhares de melhares O serviam, e milhões de milhões estavam diante dEle; ASSENTOU-SE O JUÍZO, e abriram-se os livros" (Daniel 7:9-10).

Sublime verdade! Palavras que se não podem contestar, a não ser num inequívoco e assombroso ímpeto de apostasia e rejeição da Palavra Sagrada!

A mesma cena foi mostrada a outro fiel e honrado servo do Senhor, João, muitos séculos depois. Assim diz a Palavra de Deus: "E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao FILHO DO HOMEM, que tinha sobre a Sua cabeça uma coroa de ouro, e na Sua mão uma foice aguda, e outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e sega; é já vinda a hora de segar, porque já a seara da tera está madura" (Apocalipse 14:14-15).

O mesmo apóstolo viu uma porta aberta no céu e contemplou a visão da eternidade: "Depois destas coisas, olhei, e eis uma porta aberta no céu: e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado em espírito, e eis um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica, e o arco celeste estava ao redor do trono e parecia semelhante à esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestidos brancos; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro" (Apocalipse 4:1-4).

O próprio tabernáculo foi mostrado ao apóstolo: "E depois disto olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu" (Apocalipse 15:5). Como prova indiscutível de que o tabernáculo celestial foi o modelo mostrado a Moisés o Apóstolo João viu a própria Arca do Testemunho, A ARCA DO CONCERTO, o sagrado receptáculo onde eram guardadas as tábuas sagradas que continham os 10 Mandamentos escritos pelo próprio dedo do Deus Todo Poderoso: "E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do Seu concerto foi vista no Seu templo..." (Apocalipse 11:19).

Isaías, Moisés, Paulo, Ezequiel, e outros escolhidos servos de Deus tiveram o privilégio de contemplar o palácio do Grande Rei. Isaías escreveu: "Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o Seu séquito enchia o templo" (Isaías 6:1).

A PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO

A purificação do Santuário Celestial é o JUÍZO que ocorre atualmente, e do qual Jesus é não somente o nosso advogado, mas o nosso substituto, o Cordeiro de Deus que foi morto em nosso lugar. Este estudo preliminar pretende tão somente adiantar-se no assunto do Santuário Celestial, revelando-lhe a existência maravilhosa para, depois, adentrar-se no assunto do JUÍZO, tema da purificação do santuário, propriamente dita.

Juntamente com este fundamental tema estudaremos aqueles que estão a ele ligados nos mais importantes assuntos relacionados aos últimos dias da história da humanidade: o fechamento da graça, o selamento dos filhos de Deus, as últimas pragas, os 144.000 e as três últimas mensagens angélicas.