Sim, pode! Pelo menos é o que pretende um poder religioso que dominou absoluto também na esfera civil por mais de um milênio, arrogando-se a autoridade não apenas de mudar a Lei do Todo Poderoso, mas também de perdoar pecados, declarar santificadas e dignas de receber culto e veneração pessoas canonizadas por um decreto seu. Além disso, declara-se infalível, representante de Deus na terra, juiz até mesmo dos anjos.


O papa João Paulo II alguns anos antes de sua morte assombrou o mundo chamado cristão ao declarar-se o intermediário único entre Deus e o homem. Ele afirmou enfática e claramente: "Enganam-se os que imaginam poder dirigir-se diretamente a Deus sem a intermediação do Bispo de Roma". É por pretender ser representante ou vigário de Jesus Cristo que a igreja que dirige tem como um de seus principais cânones o seguinte: FORA DA IGREJA CATÓLICA NÃO HÁ SALVAÇÃO!


E o mais impressionante é que a imensa maioria das pessoas em todo o mundo acatam, defendem, praticam ou pelo menos são indiferentes a este poder blasfemo e anticristão, ao qual as Sagradas Escrituras, referindo-se ao seu dirigente maior, há dois mil anos o chama de "o Homem do Pecado, o Filho da Perdição, que será destruido na breve volta de Jesus, aniquilado pelo esplendor da Sua vinda. (II Tessalonicenses 2:3 e 8).


Por sua suprema arrogância em supor-se com autoridade para modificar as leis do Eterno Deus e, ainda, reafirmar esta autoridade pelo fato de que mesmo os chamados "protestantes" a observam e obedecem, sendo isto SINAL inequívoco desta autoridade, é que trazemos a todos as considerações a seguir:


O Deus Eterno e presciente, infinito em sabedoria e justiça, não seria Autor de uma lei imperfeita, que estivesse sujeita a ser modificada, por qualquer razão, em qualquer tempo. A negação desta sagrada verdade, firmemente estabelecida em Sua Palavra, constitui-se num sacrilégio e quem, pervertendo os seus claros ensinamentos assim entender e ensinar, certamente não deverá ser considerado inocente diante do Eterno Legislador.


Eis as categóricas afirmações da Palavra do Senhor, a este respeito: “A Lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma...” Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e alumia os olhos”. “As obras de Suas mãos são verdade e juízo; fiéis todos os Seus mandamentos”. “Todos os Seus mandamentos são verdade...” “A Tua justiça é uma justiça eterna, e a Tua Lei é a verdade (Salmos 19:7-8; 111:7; 119:86 e 119:142).


Se o próprio Legislador afirma claramente que Sua Lei é perfeita e que os Seus mandamentos, todos, são retos, puros, fiéis e verdadeiros, haveria alguma possibilidade de serem mudados? É claro que não. A Lei é eterna, imutáveis todos os seus mandamentos, conforme os testemunhos de todos os profetas, salmistas, apóstolos, e do próprio Salvador.


Diz, ainda, a Palavra do Senhor: Para sempre, ó Senhor, a Tua Lei permanece no céu”. “Acerca dos Teus testemunhos soube, desde a Antigüidade, que Tu os fundaste para sempre”. “A Tua Palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos Teus justos mandamentos dura para sempre (Salmos 119:86, 152 e 160).


A mais categórica e impressionante prova de que a Lei não pode ser mudada é o sacrifício da cruz. Se houvesse alguma maneira de preservar a dignidade da determinação de Deus a respeito da transgressão, em harmonia com a Sua justiça, não seria necessário o supremo sacrifício de Jesus, cujo alcance, em todas as suas conseqüências, sempre permanecerá incompreensível para mentes humanas.


O mais exaltado Ser de todo o Universo, Criador de todas as coisas e adorado pelos anjos e por todas as Suas criaturas, não deixaria o trono do Universo, substituindo o homem em sua natureza, para receber a condenação da transgressão da Lei – o pecado – na forma da mais terrível, dolorosa e humilhante das mortes.


É o próprio Senhor Jesus Quem afirma a eternidade de Sua Santa Lei. Ele diz, categoricamente: “Não cuideis que vim destruir a Lei e os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”. “O céu e a terra passarão, mas as Minhas palavras não hão de passar” (Mateus 5:17-18 e 24:35).


Para não deixar qualquer dúvida, Ele completa: É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da Lei” (Lucas 16:17). Ora, é impossível ser mais claro do que o foi Jesus, nestas afirmações. Se mesmo assim persistirem dúvidas, é bastante apropriada a afirmação que diz que o pior cego é aquele que não quer enxergar. Mas, com o intuito de esclarecer ainda mais este tão importante assunto, vamos analisar outros detalhes que estão com o mesmo relacionados.


A palavra ab-rogar, usada por Jesus, parece uma palavra de difícil compreensão, e talvez não seja entendida por boa parte das pessoas que a tenham lido. Eis o conceito que lhe dá o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: ab-rogar: [Do lat. Abrogare] 1. Por em desuso; anular, suprimir, revogar, derrogar. 2. Jur. Fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei em sua totalidade. (Destaques acrescentados).


A clara afirmação de Jesus, portanto, fica ainda mais fácil de ser entendida. Ele não veio por a Lei em desuso, não veio anular ou suprimir nenhum mandamento, e nem revogar qualquer de suas determinações. Enfim, Ele não veio fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de Sua Lei, em sua totalidade.


Por mais esclarecida que esteja a questão da eternidade da Lei, ela não se esgota com os argumentos já citados. A contribuição dos apóstolos não pode deixar de ser mencionada, quando muitos têm crido, afirmado e ensinado que os seus escritos, de alguma forma, sancionam alguma mudança, por causa da fé, na Eterna Lei.


Paulo, a respeito de sua anulação é categórico e taxativo: “Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei (Romanos 3:31). Portanto, fica claro que a fé em Jesus e na Sua graça não anula a Lei, mas, pelo contrário, estabelecem com maior firmeza, se possível, os seus princípios. E ele mesmo dá as razões para isso, afirmando: “E assim a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).


Outro apóstolo, Tiago, chama esta mesma lei de Lei perfeita da liberdade e Lei real, através da qual todos deverão ser julgados, afirmando, ainda, a obrigatoriedade na observância de todos os seus mandamentos, sob pena de, transgredindo apenas um, ser culpado da transgressão de todos.


Eis as suas palavras, inspiradas pelo Espírito do Senhor: “Aquele, porém, que atenta bem para a Lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventura­do no seu feito”. “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a Lei real: amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redargüidos pela Lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a Lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. (Tiago 1:25 e 2:8)

Em seguida ele identifica de maneira inquestionável a qual lei ele se refere: “Porque Aquele que disse: não adulterarás, também disse: não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da Lei. Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela Lei da liberdade” (Tiago 2:11 e 12).


Existe, ainda, um outro argumento na Palavra de Deus que, por si só, seria suficiente para legitimar a afirmação da eternidade da Lei Moral do Senhor Jeová dos Exércitos e é relatado pelo apóstolo e profeta da Revelação, João, o discípulo amado.


Quando foram-lhe mostrados pela Inspiração os acontecimentos futuros do juízo, teve ele uma visão do santuário de Deus, no céu. Eis as suas palavras: “E abriu-­se no céu o santuário de Deus, e a arca da Sua aliança foi vista no Seu santuário...” (Apocalipse 11:19).


A Bíblia Sagrada afirma e reitera, várias vezes, o fato de que o próprio Deus instruiu a Moisés a respeito da construção do santuário terrestre e de todos os seus objetos, os quais deveriam fielmente reproduzir os modelos mostrados, existentes no céu. Dentre todos os objetos do santuário, a arca, que ficava no lugar santíssimo, era o mais significativo e ao qual foi dado maior destaque.


A arca, repetimos, construída segundo as instruções de Deus, era uma cópia perfeita e fiel da que existe no Céu, pois foi o Senhor mesmo Quem assim instruiu: “Conforme tudo o que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos (ou objetos), assim mesmo o fareis. Também farão uma arca de madeira de cetim”. “Depois porás na arca o testemunho, que Eu te darei”. “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte de Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”. “E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas” (Êxodo 25:9-­10 e 16; 31:18, 32:16).


Séculos depois, a mesma Palavra confirma o que permanecia dentro dessa arca: “Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe, quando o Senhor fez aliança com os filhos de Israel...” (I Reis 8:9).


Agora, perguntamos: o que havia dentro da arca que João viu na visão de Deus no santuário celestial? Certamente que a Sua Santa Lei. Conjuramos, pois, pelo Deus vivo e eterno a todas as pessoas que leiam estas palavras, que respondam com toda a sinceridade de seu coração a esta pergunta: qual a lei que está na arca do santuário de Deus, no Céu? As tábuas da Lei original, confeccionadas por Deus e escritas pelo Seu próprio dedo, ou a lei espúria, falsificada pelo “Homem do Pecado”, “o iníquo”, o “Filho da Perdição” que se auto-intitula “Vigário do Filho de Deus”, “Substituto de Jesus Cristo”? Desta resposta podem advir conseqüências eternas.


É interessante lembrar que ao tempo em que o apóstolo recebeu esta visão não se haviam, ainda, verificado essas mudanças, porque o poder que as haveria de promover somente se manifestaria alguns séculos depois.