O padrão de justiça exigido no juízo é um caráter irrepreensível. Isto, nem o mais justo de todos os homens que tenham vivido neste mundo poderia apresentar. Então, como poderia se justificar o homem perante Deus? Esta pergunta já estava manifesta no mais antigo texto das Sagradas Escrituras, o livro de Jó, como está escrito: "Na verdade sei que assim é; porque como se justificaria o homem para com Deus"? (Jó 9:2). A resposta é dada pela Inspiração na seqüência do mesmo texto referido. Unicamente a graça e a misericórdia do Senhor podem justificar o homem diante de um Deus Santo e Perfeito, que exige perfeita santidade e irrepreensão de caráter: A Ele, ainda que eu fosse justo, Lhe não responderia; antes ao Meu Juiz pediria misericórdia (Jó 9:15).


Jesus Cristo, ao apresentar diante do Tribunal do Altíssimo, no Juízo Investigativo, o caso do filho arrependido que aceitou o Seu sacrifício, pleiteará por ele, oferecendo-lhe a Sua perfeição e santidade e as Suas obras irrepreensíveis. Ele será, para o pecador contrito, nessa ocasião, não apenas o Juiz. Será, também, o seu advogado. E, acima de tudo isto, como suprema garantia de absolvição, será o Réu e Substituto, oferecendo Sua vida imaculada em lugar da vida que, poluída pelo pecado, foi transformada pelo Seu poder e por Seu amor. As vestes gloriosas da justiça de Cristo são oferecidas em lugar dos trapos imundos da justiça do homem.


Esta verdade já servia de consolo e esperança há milênios. Jó, manifestando a sua fé no Redentor vindouro, na Sua justiça e na ressurreição, afirmou: Porque eu sei que o Meu Redentor vive, e que por fim Se levantará sobre a Terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-Lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, O verão (Jó 18:25-27).


A justiça é representada nas Escrituras Sagradas por vestimentas: Cobria-me de justiça, e ela me servia de vestido; como manto e diadema era o meu juízo (Jó 29:14). Ao oferecer Jesus as vestes de Sua justiça ao pecador, este terá a sua nudez e os seus trapos cobertos e será aceito por Deus, que o declarará justo. O padrão de justiça do juízo é, portanto, a justiça de Jesus, sem a qual ninguém será julgado nesta sua fase investigativa.


A tocante experiência de Jó bem pode demonstrar quão terrível e desastrosa é a justiça própria, cujos resultados são a morte eterna. Homem rico, honrado e poderoso, foi ele considerado pelo próprio Deus como sem igual na Terra, homem sincero e reto, temente a Deus, e desviando-se do mal (Jó 1:8).


Provado, manteve-se irrepreensível. Perdeu tudo: riquezas, posição, família, saúde. Transformado numa figura repelente e sofredora, a única coisa que não havia perdido era a sua fé em Deus e em Sua justiça. Nada havia conseguido abalar a sua fé. Entretanto, três amigos que o foram consolar transformaram-se em seus acusadores.


Julgavam que somente um grande pecador poderia estar sofrendo o que Jó sofria como conseqüência de uma vida de pecados. Indignado com a acusação e esquecendo-se da justiça do Seu Deus, encheu-se Jó de justiça própria para defender-se diante de seus amigos.


Suas boas obras eram muitas e conhecidas e o haviam honrado diante dos homens, tendo merecido a aprovação do próprio Criador. Ao querer justificar-se, porém, apresentando-as diante de Deus, cometeu pecado: Pese-me em balanças fiéis, e saberá Deus a minha sinceridade (Jó 31:6). Ao fazer esta declaração tentou justificar-se, acusando a Deus de injusto.


Levantando-se, um jovem respondeu às palavras de Jó, em defesa da justiça de Deus. Indignado, contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus (Jó 32:2). Suas palavras são clara advertência contra a justiça própria: A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria a um filho do homem . Desde longe repetirei a minha opinião, e ao Meu Criador atribuirei a justiça (Jó 35:8 e 36:3).


As palavras seguintes são uma lição de vida, que não se deve esquecer: Mas tu estás cheio do juízo do ímpio; o juízo e a justiça te sustentam. Porquanto há furor, guarda-te de que porventura não sejas levado pela tua suficiência, nem te desvie a grandeza do resgate (Jó 36:17-18). O preço que este resgate custou a Jesus, jamais o poderemos avaliar. A respeito dele, diz a Palavra de Deus, ainda: Aqueles que confiam na sua fazenda, e se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois a redenção da sua alma é caríssima, e seus recursos se esgotariam antes (Salmo 49:6-8).


A respeito das suas boas obras e dos esforços como meio para se justificar é que o jovem que repreendia a Jó dirigiu-lhe as palavras seguintes: Estimaria Ele tanto tuas riquezas, ou todos os esforços da tua força, que por isso não estivesses em aperto? Finalmente, o próprio Deus Se manifesta a Jó e seus amigos, dizendo: Porventura também farás tu vão o Meu juízo, ou Me condenarás para te justificares? (Jó 40:8).