O SIGNIFICADO DA PALAVRA "BESTA"


Nos vários textos bíblicos em que são citados, animais simbólicos não existentes na fauna universal representam grandes reinos ou impérios, sempre com domínio ou influência mundiais e - é importante ressaltar - detentores do poder absoluto, tanto o poder civil e político, quanto o poder religioso. Tais animais, designados como bestas-feras, feras ou simplesmente bestas ganham importância marcante nos livros proféticos de Daniel, no Antigo Testamento e no livro do Apocalipse, no Novo.

Por meio de sonhos e visões foram anunciados a Daniel os acontecimentos futuros da humanidade, desde os seus dias até à volta de Jesus e o estabelecimento do Seu reino eterno.

Antes de ser manifestado o futuro por meio dos animais simbólicos Deus já o havia revelado, no capítulo dois do livro de Daniel, por meio de uma estátua representando quatro impérios mundiais. O primeiro, então dominante era Babilônia, citada nominalmente na profecia bíblica e representada pela cabeça de ouro da estátua. Três outros impérios o seguiriam, dando-se destaque ao último, que duraria até ao fim da nossa história, quando será destruído pelo estabelecimento do último reino da terra, o reino de Deus.

Este quarto império é Roma, representado pelas pernas de ferro da estátua e pelos dedos em parte de ferro e parte de barro. Os dedos da estátua são os dez povos que deram origem à Europa, após a queda política do império romano.

Na visão do capítulo sétimo foram mostrados a Daniel os quatro animais simbólicos, representativos dos quatro reinos citados. O Primeiro era como um leão e tinha asas de águia; o segundo semelhante a um urso, levantado de um lado, tendo entre os dentes três costelas; o terceiro semelhante a um leopardo, com quatro asas nas costas e quatro cabeças. Finalmente, o quarto animal, terrível e espantoso, com dentes de ferro e dez chifres.

Dentre estes dez chifres subiu outro chifre pequeno que destruiu três dos dez chifres mencionados. Na seqüência serão identificados os impérios representados pelas bestas, pois elas, segundo a mesma Palavra de Deus “são quatro reis (ou reinos) que se levantarão da terra”. (Daniel 7:17).

No capítulo oitavo são mostrados e revelados a Daniel a identidade do segundo e terceiro reinos, também simbolizados por animais estranhos ou “bestas”. Quando Daniel recebeu esta visão o império babilônico já havia sido subvertido, conquistado pelos medos e persas, comandados por Dario e Ciro, respectivamente.

O primeiro animal ora referido era semelhante a um carneiro com dois chifres, sendo que um chifre era maior do que o outro, assim como o urso levantado de um lado significava ser um maior do que o outro. Ambos simbolizavam o mesmo império Medo-persa.

O animal ou besta que se seguiu era semelhante a um bode, com um notável chifre entre os olhos, que destruiu o carneiro medo-persa. Eis a revelação da própria Bíblia Sagrada: “Este carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia; Mas o bode peludo é o Rei da Grécia; e o chifre grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro”. (Daniel 8:20 e 21).

É mencionado que o bode se engrandeceu em grande maneira; mas “estando em sua maior força aquele grande chifre foi quebrado...” (Daniel 8:8). Ora, nada mais claro, confirmado plenamente pela História Universal.

O império Babilônico foi conquistado pelos medos e persas no ano 539 a.C. Por sua vez, o império medo-persa foi conquistado em 331 a.C. pelos gregos, liderados por seu líder maior, Alexandre o Grande. Ele, o extraordinário líder, guerreiro e estadista é o chifre que foi quebrado na sua maior força, representado por sua morte súbita e prematura, quando tinha pouco mais de 33 anos de idade. O Reino da Grécia teve domínio até o ano 168 a.C.

Assim, a própria Palavra de Deus cita nominalmente três dos quatro reinos ou bestas mencionados na profecia de Daniel:

O primeiro, O império de Babilônia, a cabeça de ouro da estátua (Daniel 2:38) e o leão com asas de águia (Daniel 7:4).

O segundo, o império da Média e da Pérsia, o peito e os braços de prata da estátua (Daniel 2:32 e 39) o urso com três costelas entre os dentes (Daniel 7:5) e o carneiro com dois chifres (Daniel 8:3 e 20).

O terceiro, o império da Grécia, o ventre e as coxas de cobre da estátua (Daniel 2:32), o leopardo com quatro asas nas costas e quatro cabeças (Daniel 7:6) e o bode peludo com um grande chifre entre os olhos (Daniel 8:5 e 21).

O quarto e último império será considerado à parte, a seguir, pois é sobre ele que as profecias apontam, nomeando-o como o último império mundial da história da humanidade, referido no livro de Daniel, repetido no livro do Apocalipse, o qual lhe acrescenta outro tipo de poder, terrível e espantoso que se lhe aliará, no último combate contra o Deus Altíssimo e as Suas fiéis testemunhas.

As palavras de Daniel são aterradoras ao se referirem ao quarto Reino, na visão da estátua: E o quarto reino será forte como ferro; pois como o ferro esmiúça e quebra tudo, como o ferro quebra todas as cousas, ele esmiuçará e quebrantará” (Daniel 2:40). Falando sobre o mesmo império ou poder assim ele o descreve: “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez pontas”. (Daniel 7:7).

Deste quarto reino é que sairia o poder papal, representado por um chifre ou uma ponta pequena, que antes de assumir o pleno poder em todo o mundo teve que eliminar os três reinos bárbaros arianos – Hérulos, Vândalos e Ostrogodos - que o impediam de ascender ao domínio mundial, que exerceu durante 1260 anos. Assim o profeta já o descrevia, no verso seguinte: “Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente” (palavras de blasfêmia contra o Todo-Poderoso Deus, como será mostrado adiante).

Continua na parte IV...