Esta palavra foi usada pela primeira vez pelo próprio Anjo do Concerto, há milhares de anos. Jacó, cujo nome significa suplantador ou enganador , foi um dos filhos gêmeos de Isaque, que por sua vez foi nascido de Abraão, chamado nas Escrituras de o Pai da Fé e o Amigo de Deus , pela sua absoluta confiança e dependência do Senhor e completa submissão à Sua vontade e estrita obediência aos Seus preceitos. Diz o Relato Sagrado que Esaú, o outro dos gêmeos, tendo nascido antes de Jacó, deveria receber as bênçãos e privilégios da primogenitura. Dentre estas bênçãos destacava-se a condição de ser considerado o representante de Deus na família, algo como ser o sacerdote do lar.


Tal privilégio não entusiasmava Esaú, de índole belicosa e aventureira, cujas energias e disposição eram mais voltadas às caçadas e atividades mais emocionantes. Era ele o favorito de seu pai Isaque.


Jacó, entretanto, de índole pacífica e dotada de um caráter afável, era mais devotado às atividades domésticas e mais apegado a sua mãe, Rebeca. Sua maior aspiração, ao contrário de seu irmão, era receber as bênçãos espirituais da primogenitura, desprezando a herança material que era compreendida entre as vantagens por ela proporcionadas.


Esaú desprezou a sua primogenitura vendendo ou transferindo, indevidamente, e de maneira irresponsável, os seus direitos a Jacó, por um guisado de lentilhas, conforme relatado em Gênesis 25:29-34. Tal negociata não poderia ter a aprovação nem de Isaque, e nem de Deus.


Sendo Isaque já muito idoso e cego e sentindo-se próximo à morte decidiu ser chegada a hora de conferir a seu filho as bênçãos a ele devidas. Jacó, entretanto, aliado a sua mãe, enganou ao pai e ao irmão, valendo-se de um artifício fraudulento, conseguindo, assim, receber as bênçãos que, por direito, caberiam a Esaú (Gênesis 27:1-41).


Arrependido do negócio anteriormente feito com seu irmão, amargurado por não ter recebido a bênção esperada de seu moribundo pai e profundamente ofendido pela atitude do irmão, Esaú odiou a Jacó. Assentou em seu coração matá-lo assim que passassem os dias de luto de seu pai. Tal intento chegou ao conhecimento de Rebeca que, desesperada, aconselhou que Jacó fugisse para uma terra distante, até que passasse o furor de seu irmão. (Gênesis 27:41-46).


Fugitivo e desterrado foi Jacó acolhido por um tio seu em uma terra distante para onde escolhera fugir. Trabalhando para ele por muito tempo, adquiriu riquezas e família. Muitos anos depois, então, desgostoso por causa dos ciúmes e desconfiança de seu tio e de outros parentes e saudoso de sua terra, desejou retornar ao seu antigo lar. Obteve, para isso, a aprovação de Deus (Gênesis 31:3). Então, depois de muitos anos e de muitas peripécias estava de volta para sua terra. Voltava, levando consigo a família que constituíra no exílio e também todos os bens que acumulara em todo o tempo em que estivera distante.


Sabedor disso saiu ao seu encontro o irmão ressentido e irado, com o propósito de vingar o engano sofrido havia tanto tempo. Jacó conhecia o intento do irmão de matá-lo e, talvez, destruir a sua família, apossando-se de suas riquezas. Com a angústia no coração e profundamente arrependido dos erros praticados contra seu finado pai e contra seu irmão, o futuro para Jacó se apresentava sombrio. O remorso pelo mal cometido e o grande temor pela aproximação do irmão fizeram com que ele se voltasse para o seu Deus, em busca de socorro, conforto e perdão.


Isolou-se na solidão das estrelas e nas margens do ribeiro Jaboque derramou a sua alma diante do Senhor Jeová dos Exércitos. Foi interrompido em suas súplicas, já de madrugada, por Alguém que, supondo ser um salteador, lhe tocara nos ombros. Atracou-se desesperadamente com o estranho, para salvar sua vida.


O estranho era Cristo, o Anjo do Concerto que, velando a Sua glória, disfarçara-se como um homem e viera atender às orações do filho arrependido e angustiado.


Jacó lutou com a força do desespero até descobrir que o Seu adversário não era um homem como ele, senão o Anjo do Concerto. Nesse momento agarrou-se mais fortemente ao seu Contendor, com a força da fé. Deixa-me ir, porque a alva já vem , disse-lhe o Anjo, para experimentá-lo. Mas acendera-se no seu coração a chama da esperança e, do fundo da sua alma, saiu a súplica: Não Te deixarei ir, se não me abençoares (Gênesis 32:26).


Não era esta uma afirmação arrogante. Ele sabia que poderia ser fulminado pela simples vontade dAquele com quem lutava, se Este assim o quisesse. Era, no entanto, o pedido confiante de alguém que conhecia a misericórdia e o poder do Seu Deus.


Qual é o teu nome?" perguntou-lhe o Anjo. E ele respondeu-lhe: Jacó . Então disse: "Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas ISRAEL; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste" (Gênesis 32:28).


A partir daquele momento, daquela luta, deixara de existir o velho homem Jacó. Ele tivera o seu encontro com o seu Deus. Nascera de novo. O maior milagre que pode acontecer na vida de uma pessoa havia acontecido na vida de Jacó. Fora transformado de Jacó, ou enganador, para Israel, ou lutador com Deus, como príncipe, e Vencedor.


Ao se encontrar com Deus, manifestando arrependimento, o pecador encontra perdão e força para uma vida nova de obediência e vitória sobre o pecado e Satanás. O futuro já não parece mais incerto e tenebroso, pois a bênção do Todo-Poderoso está sobre si.


Jacó, agora transmudado em Israel, estava completamente transformado e convertido. Doravante, jamais seria o mesmo, enquanto estivesse com o seu Deus. O processo de salvação é sem arrependimento, da parte do Senhor. Todavia, se Israel deixasse o seu Deus, voltaria ao velho homem e seria, novamente, Jacó, o Enganador.


De posse das bênçãos de Deus e seguro de Sua proteção, Israel estava pronto para defrontar-se com Esaú. Este vinha ao seu encontro com quatrocentos homens, e com ira não aplacada, pronto para sua vingança. Mas Deus tocou em seu coração. E ao ver o irmão alquebrado por causa da noite anterior e para o resto da vida aleijado, manquitolando por efeito do toque do Anjo do Concerto, moveu-se-lhe o coração de súbita ternura e de íntima compaixão. Correu ao seu encontro e, abraçando-o, chorou longamente em seus braços. Estavam para sempre reconciliados. Assim se manifesta a presença de Deus, para livramento de Seus filhos.