Hoje, até mesmo professos cristãos têm de fendido a teoria de Darwin. Mas, os que isto fazem não têm sua fé firmada nas Sagradas Escrituras, mas unicamente na tradição dos homens. É o caso da Igreja de Roma, liderada pelo seu chefe, chamado papa e que entre os seus vários títulos, ostenta o de Subs tituto de Jesus Cristo .

A revista VEJA, em sua edição n° 1.468, de 30 de ou tubro de 1.996, publica declarações do papa João Paulo II, em que ele afirma que a evolu ção é mais do que uma simples hipótese: As novas descober tas levam à constatação de que a teoria da evolução é mais do que uma hipótese . A conver gência de resultados de traba lhos independentes constitui um argumento significante em favor dessa teoria , completa ele.

A mesma reportagem registra: Em 1992, ele reabilitou Galileu Galilei e corrigiu um erro de três séculos e meio atrás, quando a Santa Inquisição obrigou o astrônomo italiano a renegar a afirmação de que a Terra girava em torno do Sol . O papa menci ona um de seus antecessores, Pio XII, que emitiu uma encíclica em 1.950 (Humani Generis) pro­clamando que a teoria da evolução era uma hi pótese séria .

Também o jornal O Popular, de Goiânia, em sua edição de 25/10/96 faz referên cia às declarações do papa, onde ele declara que a origem da vida e a evolução da espécie são temas especiais, que interessam muito à igreja . Continua o jornal: O papa afirmou que depois de quase 50 anos, os novos conhecimentos científicos levam ao reconhecimento de que a evolução é mais do que uma hipótese .

Ao mesmo tempo em que manifesta esta opinião o papa adverte que a igreja e seus fiéis devem se manter firmes na convicção de que a criação é uma obra de Deus. Ora, não pode haver maior incoerência e hipocrisia do que esta. Como pode ele aceitar a evolução e recomendar a crença na criação? Mas tal fato não deve causar estranheza, porquanto o poder que ele representa sempre se manteve na contramão da ciência.

O jor nal citado, ao concluir sua matéria, declara: Ao lon go de seu papado, João Paulo II vem dedicando es pecial atenção às ciências. Em 1.992, ao terminar um estudo de 13 anos por parte do Vaticano, decla rou que a igreja estava equivocada ao condenar o astrônomo Galileu Galilei por seus descobrimen tos .

Ora, qualquer leigo que tenha apenas conheci mentos básicos e rudimentares da história sabe, de relance, que a igreja errou ao condenar Galileu Galilei. Por que a igreja precisou de 13 anos para chegar a esta conclusão? A resposta é elementar: durante inúmeros séculos a igreja impediu o desenvolvimento das ciências, te mendo que tal fato pudesse colocar em risco o seu poderio absoluto, tanto espiritual quan to político e secular. Pelo ab surdo que é hoje a teoria geocêntrica, então defendida pela igreja e pela qual a Terra seria o centro do Universo, fi cara insustentável a sua posi­ção.

O dogma milenar da infa libilidade papal, por ela defen dida com unhas e dentes por tanto tempo, ruiria por terra se ela reconhecesse o seu erro. Como sempre, mais uma vez este poder escolheu o caminho da contemporização, o lado que mais vantagem pudesse lhe oferecer, a fim de manter o seu status quo.

A História é testemunha inconteste destas afirmações. O livro História Geral, de Florisval Cáceres (Editora Moderna, 3. ed.), um compêndio destinado a estudantes de nível secundá rio, a respeito do assunto em questão registra em sua página 104: Mas foi no campo da literatu ra, da filosofia e das ciências que a repressão tornou-se maior. Todas as obras, para serem im pressas, tinham que passar pela censura da Inquisição, onde eram examinadas para se cons tatar a existência ou não de algo contra a Igreja católica. Os livros contrá rios à doutrina iam para o índice dos livros proi bidos, que não podiam ser impressos e cujos autores tinham que se explicar com a Inquisição. Entre os absurdos cometidos há o exemplo de Galileu Galilei, que procurou de monstrar que a Terra gi rava em torno do Sol. Sua teoria não recebeu o imprimatur da Inquisição e foi para o índice dos li vros proibidos, pois con trariava duas verdades da Igreja: a infalibilidade do papa e sua condição de representante de Deus no Universo. Como, du rante todo o período medieval, os papas afirma vam que a Terra era o centro do Universo, admi tir a teoria de Galileu seria admitir o erro dos papas medievais. Galileu só não foi condenado à fogueira porque renegou sua doutrina. A épo ca da Contra-Reforma representou, para os paí ses católicos, principalmente a península Ibéri ca e a região da Itália, um período de estagna ção cultural porque, em nome da defesa da fé, perseguia pensadores, artistas e cientistas que expressavam idéias entendidas como contrárias aos dogmas da Igreja católica .

Se Galileu Galilei não foi queimado nas fogueiras da Inquisição por ter abjurado à sua fé, tal não sucedeu com outros cientistas e em particular com um contemporâneo seu, que também era favorável às teses de Nicolau Copérnico, sobre a estrutura do Universo. Em 1.600, conde nado pela Inquisição, o cientista Giordano Bru no, também favorável a Copérnico, morre na fo gueira (Grandes Personagens da História, Edi tora Abril, Galileu , p. 154).

Enfim, apesar de cuidadosamente encobertos pela igreja de Roma, é impossível jogar no esquecimento os crimes pra ticados por ela contra a verdadeira ciência e tam bém contra a verdadeira religião.

O jornal JF HOJE, de Juiz de Fora, publi cou em sua edição de 2 de abril de 1.990 uma matéria com o bispo emérito de Guarapuava, dom Frederico Helmel, em que ele explicitamente de fende a teoria da evolução, afirmando que a re1igião aceita perfeitamente o evolucionismo, que du rante 200 anos ajudou a acentuar o conflito entre a investigação científica e a fé.

Segun do ele, a ciência purifi ca a fé, conforme afir ma o papa João Paulo II. Dentre suas declara ções merecem destaque duas que contradizem de maneira chocante as Escrituras.

A primeira: O poligenismo é acei to pela igreja, ainda que São Paulo ensine que o pecado entrou no mundo através de um só homem . Ele des mentiu categoricamen te ao apóstolo, sobre pondo-se às verdades inspiradas por ele ensi nadas.

]A segunda: O homem procede do animal, pois a criação é um ato contínuo . Ele nega de maneira brutal a positiva declaração bíblica: E criou Deus o homem à Sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou (Gênesis 1:27). Enfim, registros históricos de como esse poder foi o responsável por mais de mil anos de trevas morais e de entrave da ciência, estão no sétimo capítulo desta série, intitulado A Histó ria de Roma e o Anticristo .


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