Aristóteles, talvez o maior filósofo grego (384-322 a.C.), foi discípulo de Platão. Aos dezessete anos de idade mudou-se de Estagira, sua cidade natal na Macedônia, para Atenas, ingressando na academia do seu mestre, com quem esteve durante vinte anos. Foi ele um dos precursores da teoria da evolução e um dos considerados grandes homens que mais ênfase deu à doutrina da imortalidade da alma. Segundo a sua teologia Deus não é criador, pois a matéria criada é indigna da perfeição divina (Enciclopédia Universo, Editora Delta, p. 366). Para ele, segundo a mesma referência, o homem se caracteriza pela razão.

A filosofia de Aristóteles esteve durante muitos séculos esquecida. Note-se o testemunho histórico: Durante os períodos helenístico e grego-romano, a influência da filosofia aristotélica foi limitada. Foram os árabes, com Averrois, e os europeus ocidentais do século XII que redescobriram Aristóteles. A princípio, a propagação das idéias aristotélicas inquietou a igreja; mas no século XIII São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, fez uma síntese da filosofia aristotélica com os dogmas cristãos, do que se originou a Escolástica. As pesquisas científicas, já nos séculos XVI e XVII, condenaram a física aristotélica através de Galileu e Descartes. A lógica de Aristóteles, porém, permaneceu (Ibid., p. 367, destaque acrescentado).

Tomás de Aquino, santo por decreto pa pal, é considerado o maior teólogo da igreja católica. Seus conceitos ainda hoje permanecem como alicerce e coluna dos cânones da igreja de Roma. Desta constatação dois interessantes pensamentos surgem para reflexão. O primeiro: toda a teologia de São Tomás de Aquino é basicamente inspirada na filosofia de Aristóteles. O próprio papa João Paulo II considera-se um papa aristotélico, segundo suas próprias afirmações. O segundo: quase todas as igrejas que se dizem evangélicas ou protestantes também seguem o pensamento tomístico ou de São Tomás de Aquino e, por extensão, o pensamento aristotélico.

Tomás de Aquino teve a mais absoluta liberdade para cogitar sobre os mais variados assuntos teológicos. Eis o que sobre isso diz a História: Dentro dos limites da fé, as inteligências mais brilhantes da Igreja gozaram, freqüentemente, da mais alta liberdade para especular sobre assuntos fundamentais, como a natureza de Deus e a imortalidade da alma. Na Idade Média, período de maior poderio e solidez da Igreja do Ocidente, assistiu-se a um extraordinário desabrochar da filosofia religiosa. O pensamento medieval atinge o seu apogeu com as obras monumentais de São Tomás de Aquino, um italiano profundamente influenciado pelas idéias do antigo filósofo grego Aristóteles. (...) Com o tempo, porém, o seu pensamento acabou por ser aceito como a filosofia oficial da Igreja Católica (A História do Homem nos Últimos Dois Milhões de Anos, p. 291).

São inúmeros os testemunhos históricos que comprovam a influência de Aristóteles no catolicismo e cristianismo nominal mesmo nos dias atuais.

Merecem destaque os seguintes: São Tomás de Aquino foi o teólogo e filósofo cristão mais respeitado na Idade Média, autor de novo conceito filosófico e teológico (segundo o qual a razão não se opõe à fé), baseado nos princípios filosóficos de Aristóteles e na revelação divina. Sete anos passou frei Tomás lecionando e meditando em Paris. E começou a elaborar sua doutrina que, mais tarde, seria aceita pela Igreja e conhecida como Tomismo. Em primeiro lugar, Tomás de Aquino reviu a atitude da Igreja ante a filosofia de Aristóteles, rejeitada como a dos demais pensadores gregos de antes de Cristo como pensamentos pagãos. As conclusões de Tomás de Aquino foram outras (com ref. a Averrois). Primeira: a filosofia de Aristóteles não era necessariamente pagã pelo mero fato de ter o filósofo nascido antes de Cristo afinal, os gregos, e principalmente Aristóteles, tinham também uma concepção de Deus. Segunda: a razão, dada ao homem por Deus, não se choca necessariamente com a fé. Terceira: a revelação divina orienta a razão e a complementa. Essas conclusões resumidas na principal obra de Aquino, a Suma Teológica , foram aceitas pela Igreja e ainda são consideradas válidas (Tomás de Aquino O Santo Que Teve Fé na Razão, p. 64).

Eis alguns interessantes registros a respeito do tema enfocado: Sócrates (470-395 a.C.) e Platão (427-347 a.C.), os dois grandes filósofos gregos, com seus ensinamentos, fizeram com que despertasse o interesse pela natureza do homem (BRAGHIROLLI, Elaine Maria, Psicologia Geral, p. 13).

Continua a mesma referência: A primeira doutrina sistemática dos fenômenos da vida psíquica foi formulada, na antiga Grécia, por Aristóteles. Nos três livros De Ani ma, ele se pronuncia, como introdução, sobre a tarefa da psicologia. Aristóteles acredita que as idéias e, conseqüentemente, a alma, seriam independentes do tempo, do espaço e da matéria e, portanto, imortais . Em 1250, com Tomás de Aquino (1224-1275), as obras de Aristóteles alcançaram um notável estado de perfeição. A determinação aristotélica das relações corpo-alma e as questões ligadas a elas sobre as diferentes funções psíquicas tornaram possível a este santo da Igreja medieval uma união quase total da psicologia aristotélica com as doutrinas da Igreja (Ibid. pp. 13-14).


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