A inquisição foi instituída em 1.184 pelo Concílio de Verona e sua finalidade era combater todas as formas de heresia, qualquer oposição à orientação e autoridade de Roma.


A inquisição foi a maior e mais cruel manifestação de intolerância e perseguição que foi inventada, em todos os séculos da história humana. Foi ela responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas, sem direito de defesa, bastando apenas uma acusação formal, mesmo anônima, para que uma pessoa ou uma família fosse sumariamente destruída. Era bastante comum a acusação infundada a famílias abastadas e que não tinham influência política, pois se constituíam em presa fácil à rapina do clero, que em nome da religião e de Deus, apropriava-se de seus bens após o seu extermínio.


A Inquisição foi restaurada por ocasião dos movimentos de reforma, com o objetivo de reprimi-los pela violência, pela tortura e pela fogueira. Observe-se o comentário da História a respeito do papa que a restaurou: Papa Paulo III Aprovou a Companhia de Jesus e restaurou a Inquisição. Convocou o Concílio de Trento, que iria reorganizar a disciplina do clero e reafirmar os dogmas da fé. Como os antecessores, porém, dedicou-se mais a financiar a arte e a enriquecer sua família, que a defender o prestígio dos papas (Grandes Personagens, p. 122).


O padre espanhol Tomás de Torquemada, dominicano, foi um dos mais tristemente famosos inquisidores, conhecido pela sua desumana crueldade. Morreu em 1.498 depois de dirigir por dezesseis anos a inquisição na Espanha. Durante esse período, em nome da fé, ordenou a morte na fogueira de duas mil pessoas (Idem, p. 99).


Uma célebre vítima da Inquisição foi Galileu Galilei. A coragem de investir contra doutrinas consagradas pela tradição, derrubando-as o poder de convincentes provas científicas, valeu a Galileu Galilei uma sistemática perseguição por parte da Inquisição. O horror à verdade lançara contra um gênio da ciência as forças da intolerância ( Galileu , p. 653).


Galileu defendia a Teoria Heliocêntrica que foi ferozmente combatida pela Igreja e pela Inquisição: Esta teoria só tinha um inconveniente: chocava-se com doutrinas até então sustentadas pela Igreja (Idem, p. 656). O Concílio de Trento havia lançado em 1.545 a gigantesca operação conhecida como Contra-Reforma. No mesmo ano, o Papa Paulo III instituíra a Congregação da Inquisição, supremo tribunal da Igreja, conhecido também como Santo Ofício. Sua função principal era fazer respeitar a autoridade do papa e punir severamente todos aqueles que a desafiassem . Quem discordasse da ortodoxia religiosa, corria o risco de ser levado à fogueira. E quando, em 1.600, a Inquisição queimou em Roma o monge Giordano Bruno, que defendia o sistema heliocêntrico e sustentava a pluralidade dos mundos habitados, ficaram claros os perigos que rondavam o progresso da ciência (Idem, p. 657).


Um dos mais interessantes processos da Inquisição foi o que condenou à fogueira a heroína francesa Joana D arc. Eis o relato do processo fraudulento: O tribunal reúne-se pela primeira vez em fevereiro de 1.431, sob a presidência do Bispo Pierre Cauchon, um velho partidário do Duque de Borgonha, aliado, portanto, da Inglaterra. Cauchon escolhe mais de setenta conselheiros religiosos para fazer parte do júri, todos ligados aos mesmos interesses. A acusada não tem o mínimo direito, nem mesmo a um advogado de defesa. Só se aceitam as testemunhas contra ela. Seu interrogatório é uma verdadeira tortura mental, destinado a confundi-la e levá-la ao desespero .


Joana, reconheces que com a ajuda do diabo enganaste o Príncipe Carlos e ganhaste a sua confiança?


Não!


Ela disse sim continua o juiz. Podem por na ata: FEITICEIRA !


Foi ela condenada à morte, sendo inocente. O tribunal que a condenou afirmava que o crime mais grave é a heresia e afirmava-se o legítimo representante de Deus na Terra, juntamente com a Igreja: Como então esta mulher pretende obedecer diretamente a Deus e aos santos, sem respeitar a Igreja? Pois se a Igreja e o Tribunal da Inquisição são os representantes de Deus obre a Terra (Grandes Personagens, Joana D arc , p. 407).


À medida que a nação francesa foi-se formando, a figura de Joana foi, cada vez mais, sendo glorificada. Em 1.450, o grande objetivo da heroína estava realizado: Paris reocupada por Carlos VII e os ingleses expulsos de toda a França. A Guerra dos Cem Anos terminara. Não se podia deixar agora difamado o nome daquela que fora a grande heroína da causa francesa. Decidiu-se rever seu processo, com a autorização do papa; pois se tratava de um processo da Inquisição. Constatou-se então que ele havia sido inteiramente arquitetado para dar uma fachada cristã à ocupação inglesa e para desmoralizar o rei da França. Denunciou-se a crueldade empregada para forçar a confissão de Joana D arc:


Nós dizemos, pronunciamos e declaramos que o dito processo e sentença, manchados de falsidade, de calúnia, de iniqüidade, de contradição, de erro manifesto de fato e de direito, inclusive a abjuração, a execução e todas as suas conseqüências, foram, são e serão nulos, invalidados, sem valor e sem autoridade . O reconhecimento governamental estava feito. Faltava o da Igreja: em 1.909, Joana era beatificada; em 1.920, canonizada e proclamada Santa Padroeira da França ( Joana D arc , p. 411). E a infalibilidade papal, da Igreja e dos representantes de Deus nesse processo? E no processo de Galileu Galilei?