Sete festas eram celebradas anualmente por Israel, todas estabelecidas por Deus. Todas elas comemoravam um acontecimento do passado e eram sombras que apontavam para um maior e mais extraordinário cumprimento no futuro. Elas estão registradas no capítulo 23 de Levítico, que tem sido apropriadamente chamado de O Calendário da Redenção . Estas festas são, pela ordem, a Páscoa (Levítico 23:5), a Festa dos Pães Asmos (Levítico 23:6), a Festa das Primícias (Levítico 23:6, 10-11), a Festa de Pentecostes ou Festa das Semanas (Levítico 23:15-21), a Festa das Trombetas (Levítico 23:24), o Dia da Expiação, a festa maior (Levítico 16:29-30 e 23:27-32) e, finalmente, a Festa dos Tabernáculos (Levítico 23:34-36 e 39-43).


A palavra Israel não se restringe a uma raça, a uma nação ou a uma época, conforme estudado no capítulo segundo desta Série, intitulado Israel, Um Estado e Uma Condição . Todas as festas celebradas pelo Israel do passado tiveram ou terão cumprimento em Cristo, conforme os registros que não se podem mudar de Sua Palavra. O cumprimento atual e futuro tem e terá cumprimento no Israel de Deus hoje, a Igreja Cristã.


As quatro primeiras festas eram celebradas na primavera, sendo a Páscoa a principal destas. Elas se referem ao período das restantes setenta semanas de graça (490 anos) para os judeus e que tiveram cumprimento com o primeiro aparecimento do Messias e Sua morte na primavera do ano 31 d.C. As três últimas, projetavam o seu cumprimento profético para o futuro, para mais de dezoito séculos.


Começando pela Páscoa, celebrada por quinze séculos pelos judeus, no dia 14 do primeiro mês do calendário judaico, Jesus a cumpriu, substituindo-a pela Ceia do Senhor .


Diz a Palavra de Deus: Porque Cristo, nossa páscoa foi sacrificado por nós (1Coríntios 5:7). Esta celebração envolve um período de tempo, porquanto deve ser celebrada até à Sua volta, como está escrito: Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão. E, tendo dado graças, o partiu, e disse: Tomai, comei: isto é o Meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no Meu sangue; fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de Mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor até que Ele venha (1Coríntios 11:23-26).


A Festa dos Pães Asmos estava intimamente relacionada com a páscoa, mas era dela distinta. Ambas faziam parte da mesma observância. A Páscoa significava livramento (Êxodo 12:13) e os Pães Asmos celebravam a saída apressada do Egito (Êxodo 12:33 e 39). Tanto o cordeiro sem mancha, quanto os pães não levedados ou sem fermento, eram símbolos de Cristo.


O fermento era um símbolo do pecado. Jesus, o Cordeiro de Deus, é também, como Ele mesmo afirmou, o Pão vivo que desceu do céu (S. João 6:51). E se (continua o Senhor), alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que Eu der é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo . O cordeiro pascoal era morto no dia 14 de Nisã, depois do sacrifício regular da tarde e comido com pães asmos, depois do pôr-do-sol, durante as primeiras horas da noite do dia 15 de Nisã. Cristo celebrou ambas as festas – Páscoa e Pães Asmos – na noite em que foi traído , as quais foram substituídas pela Ceia do Senhor , devendo ser celebrada até que Ele venha .


Jesus antecipou a celebração da Festa dos Pães Asmos, que seria no dia 15 de Nisã, porque naquele sábado (Levítico 23:7 e 11), como homem repousaria no sepulcro. Portanto, ambas as festas, abrangendo um período de tempo que se iniciou na véspera da morte de Cristo, se estenderá até ao dia da Sua volta.


A Festa das Primícias que, como as outras, foi celebrada durante quinze séculos no dia 16 do primeiro mês, era celebrada no dia seguinte ao da Festa dos Pães Asmos e fazia parte dela.


Teve cumprimento, como as duas outras, em Cristo, que é a primícia dos mortos , como está escrito: Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda (I Coríntios 15:20-23).


Intimamente ligado com a Festa das Primícias e também em cumprimento a ela está o batismo pelas águas, que simboliza a morte do velho homem quando, pelo arrependimento dos seus pecados, nasce para o Reino de Deus como nova criatura .


Eis os textos da Palavra de Deus: Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, também o seremos na da Sua ressurreição . Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus . Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (Romanos 6:3-5, Colossenses 3:1 e II Coríntios 5:17).


A Festa das Semanas, chamada Pentecostes no Novo Testamento, era celebrada cinqüenta dias depois da apresentação do molho movido. A palavra pentecoste vem do grego e significa cinqüenta. O molho movido era apresentado no início da colheita. No final da colheita celebrava-se a festa, cinqüenta dias depois das primícias. Todo o Israel comemorava jubiloso e reconhecido a sua dependência de Deus, o doador de todas as boas dádivas.


Exatamente cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo, que representava as primícias, teve pleno cumprimento a promessa que era prefigurada por esta festa. O Espírito Santo foi derramado em Sua plenitude naquela ocasião. O Espírito Santo que desceu no dia de Pentecostes levou a mente dos discípulos do santuário terrestre para o celestial, onde Jesus havia entrado com o Seu próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios de Sua expiação (WHITE, Ellen G. História da Redenção, p. 386). Jesus, ao prometer a vinda do Consolador – o Espírito Santo – afirmou: E quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo (S. João 16:8). Com a festa de Pentecostes encerrava-se a celebração das festas da primavera, no calendário judaico. Restavam as três últimas festas, comemoradas no outono.


A Festa das Trombetas acontecia no primeiro dia do sétimo mês e preparava o povo para o soleníssimo Dia da Expiação, que era celebrado dez dias depois, no dia dez do mês. A Festa das Trombetas, como o próprio nome indicava, anunciava a Israel que o dia do juízo se aproximava, e para ele se devia preparar. O cumprimento real deste símbolo se deu no período de 1.840 a 1.844, quando foi pregada a mensagem do advento, anunciando a proximidade do juízo, conforme a mensagem de Apocalipse 14:6-7: E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória; porque vinda é a hora do Seu juízo...


À maior festa de Israel, o Dia da Expiação ou o Dia da Purificação do Santuário ou, ainda, o Dia do Juízo, daremos destaque especial e o mesmo será estudado à parte, em seguida.


Finalmente, depois do soleníssimo Dia da Expiação, os judeus celebravam alegremente a Festa dos Tabernáculos. Eles tomavam ramos de formosas árvores e se alegravam perante o Senhor por sete dias. Comemoravam o tempo de sua peregrinação no deserto por quarenta anos, quando habitavam em tendas. Esta festa aponta para um período de tempo que, começando com a vinda do Senhor Jesus Cristo (Apocalipse 22:12) para ajuntar os Seus escolhidos (Mateus 24:30-31) e para que sejam recolhidos nos tabernáculos eternos (Lucas 16:9) se estenderá para todo o sempre e de eternidade em eternidade.


O cumprimento desta festa está no futuro, como está escrito: Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma grande multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos e povos e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao Nosso Deus, que está assentado no trono e ao Cordeiro (Apocalipse 7:9-10).


Também as luas novas tinham um significado simbólico, cujo cumprimento dar-se-á no futuro. A este respeito o apóstolo escreveu, à igreja recém-estabelecida junto aos gentios da ilha de Colosso, a quem os judaizantes queriam impor os ritos que não mais eram necessários, como a circuncisão, sacrifício de animais etc: Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo (Colossenses 2:16-17).


Existe aí, uma clara distinção entre o sábado do Decálogo e sábados festivos. Este assunto faz parte do nono capítulo desta série, intitulado O Sinal da Besta e o Selo de Deus , quando será devidamente considerado. Mas, a celebração festiva da lua nova tinha um significado futuro, expresso tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos.


Esta ocasião representava as bem-aventuradas reuniões dos remidos na Terra renovada, no curso de toda a eternidade, quando teriam a oportunidade especial de adorar a Deus pessoalmente, todos os meses: Porque, como os céus novos, e a terra nova, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E assim, cada mês, à lua nova, e cada semana, aos sábados, todos virão prostrar-se diante de mim, diz o Senhor (Isaías 66: 22-23).


Ao apóstolo da Revelação foi mostrada a árvore da vida e o encontro mensal que as nações terão para dele participar: E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações (Apocalipse 22:1-2).