Não há linguagem que pudesse retratar a emoção e expectativa das pessoas, ao aproximar-se o tão esperado dia. Multidões haviam se desfeito de suas posses materiais e aguardavam o aparecimento de Jesus Cristo nas nuvens do céu, conforme Ele prometera. Outros, apesar da incredulidade manifestada não podiam esconder o temor e a preocupação que o fato lhes trazia. Enfim, chegou o tão esperado dia. Cânticos de alegria, hinos de louvor e orações faziam-se entoar por toda par te. Mas o dia transcorreu sem que a promessa e a esperança da vinda de Jesus se concretizassem.


Foi amarga a decepção e terrível o vitupério e o escárnio que recaiu sobre todos os que sincera mente aguardavam o segundo advento do Senhor. Grande número dos mesmos que tinham se unido na mesma esperança, mas não haviam experimentado uma verdadeira conversão, agora voltavam -se contra os seus antigos companheiros. Foi dolo rosa e humilhante a prova por que passaram.


Mas, o Espírito que os havia dirigido nesse grande movimento não os abandonara. Era formidável a sua fé na imutável e infalível Palavra de Deus e no cumprimento das Suas promessas e profecias. Perseveraram na sua fé e a sua firmeza foi recompensada pelo Céu. Eles não tinham nenhuma dúvida de que a profecia era verdadeira e que tivera cumprimento. Somente não podiam atinar de que forma isto ocorrera. Todos os acontecimentos estavam, no entanto, em completa e absoluta harmonia com os desígnios do Senhor e a Sua Palavra.


Ao voltarem os seus olhos e as suas esperanças para as Escrituras, foi-lhes revelado aquilo que antes não tinham podido entender: a verdade sobre o Santuário Celestial. O santuário a ser purificado e que a profecia menciona, não era a Terra, mas aquele onde Jesus ministra e ao qual as Sagradas Escrituras fazem referência. Viram que a purificação do santuário celestial era o início do juízo, prefigurado na cerimônia do dia da expiação, realizado anualmente e de forma simbólica no antigo santuário terrestre.


Várias outras profecias foram também sendo compreendidas. O capítulo décimo do livro de Apocalipse abriu-se-lhes completamente ao entendimento. Viram claramente que os fatos ali relata dos se referiam a eles, sua mensagem, esperança, decepção e à comissão de nova mensagem a pregar.


Diz o relato sagrado: E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima de sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como coluna de fogo; e tinha na sua mão um livrinho aberto... E jurou por Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a Terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora. Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo (ou mistério) de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos. E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a Terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis (Apocalipse 10:1-2 e 6-11).


O livrinho aberto representava o livro de Daniel que estivera fechado ou selado por tantos séculos até que, segundo a Palavra de Deus, seria aberto na época em que tivesse início a multiplicação da ciência. E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará (Daniel 12:4). As profecias seriam, então, entendi das, a partir do fim do tempo, que representou o fim do tempo de domínio papal (1.798) e o início das descobertas da ciência e do avanço da tecnologia. Este aspecto da profecia cumpriu-se matemática e religiosamente.


É claro que o profeta não comeu literalmente o livrinho. A figura metafórica utilizada é um símbolo do seu profundo exame, estudo e compreensão. O estar ele aberto significa estar plenamente entendido e compreendido. A profecia representa adequadamente a doçura do mel na boca, ao ser pregada a mensagem da bendita volta de Jesus. Ao ser frustrada a sua esperança, entretanto, sobreveio a grande decepção, que fez amargo o ventre, na simbologia profética. No entanto foi dada a ordem para que se continuasse a profetizar, ou ensinar, outra vez, a muitos povos, e nações, e línguas e reis .