Todos os ensinamentos bíblicos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, foram dados ou inspirados por Deus que, na Sua infinita sabedoria, proveu tudo de que a humanidade necessitaria para sua edificação, segurança e salvação.


Para a correta compreensão da doutrina do juízo é indispensável conhecer-se em todos os detalhes os rituais do santuário, estabelecidos por Deus no início da nação de Israel, e que tinham, naturalmente, uma finalidade determinada e útil. Nenhum detalhe é de origem humana. Tudo foi direta e expressamente determinado por Deus.


Foi numa ocasião solene que o Senhor ordenou a Moisés a construção do santuário terrestre, dizendo-lhe: E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo fareis (Êxodo 25:8-9). Moisés supervisionou a construção do santuário, colocando nele todos os móveis e utensílios determinados por Deus.


O santuário propriamente dito era constituído por dois compartimentos, separados por um véu, e por um pátio externo. A primeira parte era chamada de lugar santo e a parte interior de santo dos santos ou lugar santíssimo . Quando os israelitas se estabeleceram em Canaã, o tabernáculo que havia sido construído sob a supervisão de Moisés foi substituído pelo magnífico templo erigido por Salomão.


Esse edifício, embora tivesse uma estrutura permanente e suplantasse em muito o tabernáculo do deserto em tamanho e esplendor, mantinha as mesmas proporções e era mobiliado de modo semelhante ao outro, conforme o modelo mostrado por Deus.


No lugar santo ficava o castiçal com sete lâmpadas que iluminavam, ininterruptamente, o santuário. Diante do véu que o separava do lugar santíssimo ficava o altar de ouro para o incenso, do qual ascendia perfumada nuvem de fumaça com as orações de Israel ao seu Deus.


No lugar santíssimo estava a arca de preciosa madeira, coberta de ouro, onde ficavam as duas tábuas de pedra sobre as quais Deus inscrevera a Sua Lei, em dez mandamentos. Acima da arca e cobrindo as tábuas sagradas ficava o propiciatório, extraordinária obra de arte sobre a qual estavam dois querubins totalmente trabalhados em ouro maciço, um ao lado do outro. Era ali, naquele lugar, que a presença divina se manifestava na nuvem de glória entre os querubins.


O santuário terrestre era tão-somente uma sombra e representação do verdadeiro santuário que existe no Céu, onde hoje, Jesus, nosso Sumo Sacerdote, faz expiação por Seus filhos. A este respeito a Palavra de Deus não deixa nenhuma dúvida.


Está escrito: Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo, porque foi dito: ‘Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou’ (Hebreus 8:1, 2 e 5).


E acrescenta: Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção . Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus (Hebreus 9:11-12 e 24).


É fundamental para a compreensão deste tão importante assunto, que se tenha em mente que todo o ritual do santuário era meramente simbólico e apontava para o futuro. Assim como o animal puro e sem mancha do sacrifício representava Jesus Cristo, também todas as ordenanças ali relacionadas tinham um significado maior e representavam solenes acontecimentos que deveriam ter um cumprimento real no futuro, como bem expressa a Palavra de Deus, ao afirmar que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo (Colossenses 2:14) e, mais, que com a Sua morte, todas as ordenanças com ela relacionadas, ao terem perfeito cumprimento, foram tiradas e cravadas na cruz (verso 14).


Assim, todas as festas instituídas pelo próprio Senhor Deus tinham um significado típico ou simbólico. Dentre estas festas, a mais solene e de maior significação era a festa anual da expiação, que os judeus celebram até hoje como sendo o Dia do Juízo.