Segundo a Palavra de Deus, são os Seus amigos aqueles que O amam, que guardam os mandamentos de Sua Lei: anjos e homens de todas as épocas e lugares, para os quais não existe nenhuma palavra de condenação, mas apenas promessas de bem-aventurança, de vitória e de vida eterna.


Para estes a Bíblia Sagrada está repleta de bênçãos e de aprovação: Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios; nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita de dia e de noite . Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em Seus mandamentos tem grande prazer . E em os guardar há grande recompensa . Bem-aventurado o homem a quem Tu repreendes, ó Senhor, e a quem ensinas a Tua Lei . A boca do justo fala da sabedoria; a sua língua fala do que é reto. A Lei do Senhor está em seu coração; os seus passos não resvalarão . Muita paz têm os que amam a Tua Lei, e para eles não há tropeço (Salmos 1:1-2; 112:1; 19:11; 94:12; 37:30-31; 119:165). Filho Meu, não te esqueças da Minha Lei, e o teu coração guarde os Meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias, e te acrescentarão anos de vida e paz (Provérbios 3:1-2). Guarda os Meus mandamentos e vive, e a minha Lei, como a menina dos teus olhos (Provérbios 7:2).


É digno notar-se que todas as pessoas que foram honradas pelo Senhor, merecendo a menção através de Sua palavra, foram pessoas absolutamente comuns e perfeitamente normais. O que as distinguia das demais era, sem dúvida, a amizade, temor e amor ao Pai, o que as levava a ter uma vida de obediência e harmonia com os mandamentos de Sua Lei.


Tinham a mesma natureza que as demais pessoas e estavam sujeitas às mesmas tentações, problemas e perplexidades dos demais mortais. A diferença era que a sua vida de comunhão com Ele lhes comunicava a mesma força e poder para resistir ao mal que ainda hoje estão disponíveis a quem queira, pelo poder do Espírito Santo, deles se apropriar.


Segundo os ensinamentos da Palavra de Deus a graça não dá ao homem a liberdade para transgredir a Sua Lei. A liberdade, ao contrário, é uma promessa pela sua obediência. Jesus e os apóstolos referiram-se muitas vezes a esta liberdade: Disse o Salvador: Conhecereis a verdade e ela vos libertará (João 8:32).


Ao ser retrucado por Seus interlocutores, os quais com indignação alegavam a sua condição de livres, Ele identificou com clareza o tipo de jugo e de liberdade a que Se referia: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado (verso 34). E termina, com a afirmação: Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres (verso 36).


A este respeito, é que Paulo escreve aos seus irmãos na mesma fé: Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Pecaremos (ou transgrediremos a Lei) porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis? Ou do pecado para morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração... e libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça (Romanos 6:14-18).


E ele continua esclarecendo ainda mais este tão importante assunto: Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum; mas eu não conheci o pecado senão pela Lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a Lei não dissesse: ‘Não cobiçarás’ (Romanos 7:7).


Nos dias de Paulo e do início do Cristianismo eram muitas as dúvidas a respeito da transição dos princípios judaicos, centralizados nas leis de cerimônias, nas festas simbólicas e na circuncisão, principalmente.


Estes princípios, que muitas vezes se podiam confundir com os da Lei Moral, estavam profundamente enraizados na cultura hebraica, acrescidos de muitas e diversas formas de tradição de homens e não de mandamentos de Deus. Portanto, ao surgirem dúvidas, os apóstolos, principalmente Paulo, escreviam para as novas igrejas e para os novos conversos, orientando-os na sã doutrina do Evangelho Eterno.


A Lei Moral, segundo este Evangelho e segundo os ensinos apostólicos, é eterna. As outras ordenanças eram transitórias, tendo tido cumprimento em Cristo. Cessara a sua validade e não mais eram necessárias.


Estas são as razões que suscitaram as dúvidas com respeito a estarem, os que criam em Jesus, sob a lei ou sob a graça e sujeitos aos antigos ritos. Por isto, ele escreveu: A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus (I Coríntios 7:19).


Desta forma, ficam claramente definidos os propósitos de Paulo e dos seus ensinamentos que têm aplicação ainda nos nossos dias, por serem parte do Evangelho Eterno: Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo , temos também crido em Jesus Cristo , para sermos justificados pela fé de Cristo, e não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada (Gálatas 2:16).


Na mesma carta ele completa: Porque toda a Lei se resume numa palavra, nesta: amarás ao teu próximo como a ti mesmo . Mas se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da Lei (Gálatas 5:14 e 18). Ele não deixa dúvidas a respeito da finalidade da Lei e dos mandamentos: Ora o fim (finalidade, objetivo) do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida (I Timóteo 1:5).


E o Espírito ilumina a alma conduzindo-a a obediência à Lei de Deus: E qualquer coisa que Lhe pedirmos, dEle a receberemos; porque guardamos os Seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à Sua vista. E o Seu mandamento é este, que creiamos no nome de Seu filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o Seu mandamento. E aquele que guarda os Seus mandamentos nEle está, e Ele nele. E nisto conhecemos que Ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado (I S. João 3:22-24).


Fica esclarecido, portanto, de maneira que não se pode questionar, a natureza da liberdade a que Jesus e os apóstolos se referem: é a liberdade do jugo do pecado, e da sua conseqüência, que é a morte a morte eterna. A Lei condena; a graça salva. A Lei revela o pecado, a sujeira da alma. A graça lava estes pecados e purifica a alma, livrando-a da culpa e da morte eterna.


Assim, não debaixo da Lei, mas obediente aos seus reclamos e, por esta razão, debaixo da graça, a alma estará, para sempre livre da condenação da Lei. A alma assim liberta, não calará a sua voz em louvor ao Seu Salvador, e cantará: Assim observarei a Tua Lei de contínuo, para sempre e eternamente. E andarei em liberdade, porque busquei os Teus preceitos (Salmo 119:44-45).


É surpreendente e mesmo assombroso o número daqueles que hoje se arvoram em inimigos da Lei do Senhor, até mesmo dentre os professos cristãos. E muitos por ignorância, outros por indiferença, deixam passar de largo a oportunidade de honrar ao Senhor dos Exércitos pelo respeito, reverência e obediência aos Seus justos e santos mandamentos. É privilégio e dever de cada pessoa escolher a boa parte, ao lado de todas as verdades do Evangelho Eterno.


Desde o princípio, desde a Antigüidade, é desejo do Senhor abençoar a todos os homens, o que Lhe é impossível, em harmonia com os Seus princípios e a Sua justiça, se eles se colocam numa posição de rebeldia e desobediência, em que não podem ser alcançados e abençoados.


Note-se, o terno convite do Criador, que apenas deseja o bem dos Seus filhos: Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os Seus caminhos, e O ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor, e os Seus estatutos que hoje te ordeno para o teu bem? (Deuteronômio 10:12-13).


A única coisa que Ele deseja é o seu coração, pois Lhe pertencem todas as outras coisas: Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo que nela há . Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas (versos 14 e 17).