Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o Santuário será purificado (Daniel 8:14). Esta profecia foi responsável pelo grande movimento de reavivamento espiritual ocorrido em meados do século passado, especialmente a partir do ano de 1.833. Deixando de haver as restrições impostas por Roma à leitura das Escrituras, passa ram elas a ser buscadas e lidas com sofreguidão, caindo as verdades do Evangelho Eterno como água no deserto, na alma das pessoas que as buscavam.


Dentre estas verdades a que mais impressionava e atraía as multidões era a redescoberta da promessa da Segunda Vinda de Jesus a este mundo, que havia sido sepultada pela intolerância da igreja de Roma e pelos seus interesses mesquinhos e obscuros. A Volta de Jesus – Uma Realidade ou uma Fábula? é o título e assunto do capítulo décimo desta série.


Ao serem estudadas e entendidas as profecias de Daniel e do Apocalipse, cristãos sinceros de diferentes denominações religiosas se uniram na proclamação da maravilhosa notícia: Jesus es tava para voltar a este mundo para cumprir a milenar promessa divina de redenção. Segundo o entendimento geral, o santuário referido na profecia seria a própria Terra. A purificação do santuário foi entendida como se tratando da destruição da mesma, que deveria ocorrer por ocasião da segunda vinda de Jesus. Este pensa mento, segundo cri am, estava de acordo com o ensinamento dos profetas e dos apóstolos, que há tantos séculos anunciam os acontecimentos a terem lugar no grande e terrível dia do Senhor .


Muitos fatos reforçavam esta idéia. O cumprimento dos acontecimentos anunciados por Jesus em Seu sermão profético aumentava mais e mais a convicção de que Sua volta a este mundo era iminente. As Escrituras declaram não apenas a maneira e objetivo da vinda de Jesus, mas destacam positivamente os sinais precursores de Sua volta. Os discípulos do Mestre, desejando conhecer detalhes a respeito do que o Senhor lhes anunciava, perguntaram: Dize-nos quando serão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo? (S. Mateus 24:3). Que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir? (S. Marcos 13:4).


Jesus, então, mostrando inúmeros acontecimentos que precederiam a Sua vinda, destacou positivamente alguns, que deveriam ocorrer em seguida ao grande período de perseguição e tribulação provocados por Roma e o seu poder anticristão: Ora, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol se escurecerá, e a lua não dará a sua luz. E as estrelas cairão do céu e as forças que estão nos céus serão abaladas (S. Marcos 13:24-25). O profeta do Apocalipse assim descreve o primeiro dos sinais que precedem o segundo advento de Jesus: Houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de silício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu caí ram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte (Apocalipse 6:12-13).


Todos estes sinais cumpriram-se de maneira assombrosa, exatamente no período em que a mensagem da vinda de Jesus tivera o seu início e era pregada com entusiasmo. Pode-se ter uma idéia do quanto isto contribuiu para aumentar o vigor da mensagem e a fé dos que a divulgavam em todo o mundo.


O primeiro desses sinais, o grande tremor de terra, aconteceu no dia 1° de novembro de 1.755 e ficou tristemente conhecido como o terremoto de Lisboa . Apesar de seu epicentro ter-se verificado em Portugal e ser conhecido por ter remoto de Lisboa, seus efeitos fizeram-se sentir numa extensão de mais de 10 milhões de quilômetros quadrados. Ele atingiu a maior parte da Europa, África e América. Foi sentido na Groenlândia, nas índias Ocidentais e em diversas partes do mundo. Calcula-se que mais de noventa mil pessoas foram mortas naquele dia e incontáveis cidades foram destruídas ou simplesmente desapareceram. Foi o maior terremoto de que se tem registro na história.


O segundo sinal aconteceu no dia 19 de maio de 1.780. A perseguição de Roma papal havia quase que completamente cessado, em harmonia com a predição de Jesus, segundo a qual a Igreja teria o seu mais longo período de provação, durante os 1.260 anos de perseguição, aos quais Ele prometera abreviar a tribulação.


Após vinte e cinco anos do terremoto de Lisboa houve o escurecimento do sol e da lua. O dia 19 de maio de 1.780 figura na História como ‘o Dia Escuro’. Desde o tempo de Moisés, nenhum período de trevas de igual densidade, extensão e duração, já se registrou. A descrição deste acontecimento, como a dá uma testemunha ocular, não é senão um eco das palavras do Senhor, registradas pelo profeta Joel, dois mil e quinhentos anos antes de seu cumprimento. ‘O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor’ (Joel 2:31). (WHITE, Ellen G. O Conflito dos Séculos, Esperança Triunfante. Ed. de 1.968, p. 19).


O terceiro sinal aconteceu, de maneira surpreendente e impressionante, na grande chuva meteórica do dia 13 de novembro de 1.833. Todos os relatos desse notável acontecimento dão conta do mais admirável fenômeno jamais visto com relação às chamadas estrelas cadentes.


Eis um testemunho do fato: ...achando-se então o firmamento inteiro, sobre todos os Estados Uni dos, durante horas, em faiscante comoção! Neste país, desde que começou a ser colonizado, nenhum fenômeno celeste já ocorreu que fosse vis to com tão intensa admiração por uns ou com tanto terror e alarma por outros . Sua sublimidade e terrível beleza ainda perdura em mui tos espíritos.... Raras vezes caiu chuva mais densa do que caíram os meteoros em direção à Terra; Leste, Oeste, Norte e Sul, tudo era o mesmo. Em uma palavra, o céu inteiro parecia em movimento... O espetáculo, como o descreveu o diário do professor Silliman, foi visto por toda a América do Norte .... Desde as duas horas até pleno dia, estando o céu perfeitamente sereno e sem nuvens, um contínuo jogo de luzes deslumbrantemente fulgurantes se manteve em todo o firmamento (DEVENS, R. M. Progressos Americanos, ou Os Grandes Acontecimentos do Maior dos Séculos, citado em O Conflito dos Séculos, pp. 46 e 48).


Quando o profeta contemplou o fenômeno da queda de meteoritos, séculos antes de o mesmo acontecer, a vívida impressão que dele teve foi de que as estrelas do céu eram projetadas na Terra.


Um dos fatos que mais consistência e autoridade deu à mensagem do segundo advento de Cristo (que conforme o entendimento geral de então seria a purificação do santuário ), foi o extraordinário e assombroso cumprimento literal de uma profecia: a queda do Império Turco-Otomano, então uma das maiores potências mundiais.


Tal acontecimento se verificou no dia 11 de agosto de 1.840 e fôra predito dois anos antes de acontecer, pelo estudo e interpretação do nono capítulo do livro de Apocalipse. No dia 1° de agosto daquele ano o seu autor, de nome Josias Licht, publicou o resultado de suas pesquisas, afirmando a subversão do império mencionado, para daí a dez dias. Ele escreveu: Admitindo que o primeiro período, de 150 anos, se cumpriu exata mente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias (conforme o princípio ‘dia-ano’ e ref. a Apocalipse 9:5 e 9:15 – cinco meses e hora, dia, mês, ano), começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agosto de 1.840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o caso (LICHT, Josias, artigo no Sign of the Times, de 1° de agosto de 1.940, citado em O Conflito dos Séculos, p. 48).


A subversão ou que da do Império Turco-Otomano era, nessa época, um fato absolutamente improvável e que ninguém, em seu juízo normal, poderia admitir. Mas ele tinha tal confiança e tão absoluta certeza no cumprimento da profecia que afirmava temerária e publicamente que se tal fato não acontecesse, as Escrituras não mais lhe mereceriam confiabilidade.


O que parecia o desvario de um visionário aconteceu fiel e matematicamente. O acontecimento que cumpriu exatamente a predição foi a aceitação pela Turquia, por intermédio de seus embaixadores, da proteção das potências aliadas da Europa, colocando-se, assim, sob a direção de nações cristãs. Este fato, naturalmente, fez aumentar o entusiasmo e credibilidade aos métodos de interpretação profética utiliza­dos. Muitos foram levados, deste modo, a dar atenção à mensagem do segundo advento.


O dia 22 de outubro de 1.843 foi inicialmente estabelecido como o do cumprimento da profecia. Nada acontecendo no dia esperado, verificou-se haver um erro na contagem de tempo, segundo os princípios e peculiaridades de cada época. Então, ao ser mais detalhada e minuciosamente estudado, constatou-se que o período profético das 2.300 tardes e manhãs teria cumprimento in falível no dia 22 de outubro de 1.844. Esta era a data em que, segundo acreditavam, o santuário deveria ser purificado.