Jesus, através das revelações do livro de Apocalipse, descortinou o véu do futuro, revelando todos os principais fatos – políticos e religiosos – que deveriam acontecer desde a época em que foi dada a revelação até ao dia da Sua volta e o estabelecimento do Seu reino eterno.


Os fatos mais marcantes da história mundial foram expressos através de símbolos pela profecia sagrada. Num aspecto, os acontecimentos foram representados por selos, em outro, por trombetas. No aspecto religioso, os mais palpitantes períodos foram representados por sete igrejas simbólicas, as igrejas da Ásia, conforme relatado no texto bíblico (Apocalipse 2 e 3), das quais iremos destacar a última, por se referir ao período do juízo, tema do presente estudo.


O primeiro período, representado pela Igreja de Éfeso, que significa, por definição, desejável , estendeu-se do ano 31 d.C., quando a Igreja Cristã foi estabelecida pelo próprio Senhor Jesus, no ano de Sua morte, ressurreição e ascensão, até ao ano 100, ao morrer São João, o último dos apóstolos e testemunha pessoal de Jesus. Este período representa a pureza apostólica do Evangelho, vivida e pregada pelos apóstolos e primeiros cristãos (Apocalipse 2:1 7). É o mesmo período representado pela abertura do primeiro selo e do cavalo branco, cujo cavaleiro – Jesus Cristo – com um arco e dada a Ele uma coroa, saiu vitorioso e para vencer (Apocalipse 6:2).


O segundo período, de Esmirna, significa mirra , que por sua vez significa perfume , ou cheiro suave . Este período, que se estendeu do ano 100 até ao ano 313, ano do Edito de Milão, foi caracterizado pelas terríveis perseguições aos seguidores de Cristo pelos imperadores romanos (Apocalipse 2:8-11). Foi o período dos mártires e é o mesmo caracterizado pela abertura do segundo selo e do cavalo vermelho, cujo cavaleiro tiraria a paz da Terra e a quem foi dada uma grande espada (Apocalipse, 6:3-4).


O terceiro período refere-se à Igreja de Pérgamo, que significa elevação , e representa a mudança no caráter e na vida espiritual da Igreja Cristã. Estende-se de 313, quando cessaram as perseguições e a Igreja foi elevada à condição de Igreja Imperial e à categoria de Igreja do Estado, passando os imperadores, a partir de Constantino I – O Grande – a ter preponderância na vida da Igreja. Este período foi até ao ano de 538. Nesse ano, em razão da derrota dos ostrogodos, um povo que fazia parte das nações bárbaras mencionadas na História Universal, entrou em vigor o Decreto do Imperador Justiniano, assinado em 533, elevando o bispo de Roma, chamado Papa, à condição de Chefe da Igreja Universal (Católica). É o período do terceiro selo e do cavalo preto. Apocalipse 6:5-6.


O quarto período é representado pela Igreja de Tiatira e corresponde ao período da Igreja papal, desde 538 até 1.517, início da Reforma Protestante, podendo ser considerada a igreja da Idade Média. A definição da palavra Tiatira é sacrifício de contrição . Os acontecimentos descritos nesta quarta carta harmonizam-se inteiramente com os horrores vividos pela Igreja Cristã, perseguida pelo poder papal da Idade Média, especialmente pelas inomináveis atrocidades praticadas pelo Tribunal do Santo Ofício , tão tristemente conhecido como a sanguinária Inquisição.


Este período de quase um milênio representa a hegemonia do poder de Roma através do papado, sendo caracterizado pelas trevas espirituais e morais completas e pela superstição, quando Roma papal, a sétima cabeça simbólica da besta reinou absoluta, em cumprimento às predições de Daniel (capítulo 7) e Apocalipse (capítulos 13 e 17). Este período é também o representado pela abertura do quarto selo e do cavalo amarelo, cujo cavaleiro tinha por nome Morte e trazia na sua garupa o inferno ou sepultura (Apocalipse 6:7-8). O texto se refere ao incontável número de mártires – centenas de milhares – levados à fogueira e ao cadafalso pela intolerância religiosa, por não aceitarem a corrupção de Roma, sua autoridade – especialmente nas questões da fé – e a mudança dos princípios do Cristianismo por ela patrocinados.


A quinta carta representa o período de 1.517 até 1.833 e refere-se à Igreja de Sardes, que significa cântico de alegria . Este é o período da Reforma e vai até 1.833, que é o ano em que foi iniciada a pregação da mensagem da segunda volta de Jesus. Em 1.517, com o protesto dos príncipes alemães, o poder papal sofreu um rude golpe, havendo um grande alívio para os cristãos que eram perseguidos por não aceitar as imposições de Roma. O ano de 1.798 representa o ano em que a besta foi ferida de morte em uma de suas cabeças, a sétima (Apocalipse 13:3 e 17:7-12). Nesse ano, em fevereiro, o papa Pio VI foi aprisionado em Roma pelo General Berthier, por ordem de Napoleão Bonaparte, Imperador da França, morrendo no exílio na cidade de Valença.


Somente no ano de 1.800, dois anos depois, é que a Igreja de Roma teve nova cabeça, mas sem poderes políticos e temporais com a coroação do papa Pio VII pelo próprio Napoleão. As perseguições que haviam diminuído em 1.517 pela intervenção dos príncipes alemães protestantes tiveram então o seu final pela completa destituição do poder da Igreja de Roma, em 1.798. Esse ano caracteriza o fim do tempo , mencionado na Bíblia (ver Daniel 12:7-10). Com referência à besta romana , com a coroação do papa Pio VII a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta (Apocalipse 13:3).


Assombroso cumprimento da profecia! Maravilhosa presciência do Altíssimo, que todas as coisas revelou antecipadamente aos Seus servos! (Apocalipse 1:1). A oitava cabeça da besta é a sétima que foi curada (Apocalipse 17:11). E diz a Palavra de Deus que toda a terra se maravilhou após ela (Apocalipse 13:3). Na época da sua ferida de morte , quando o seu poder foi destroçado e o seu prestígio derrubado ao pó quem, em sã consciência, poderia imaginar que o homem que representa este mesmo poder pudesse voltar a receber a adoração de todo o mundo?


O sexto período é o de Filadélfia. Iniciando-se em 1.833, vai até 1.844. Significa amor fraternal e representa o começo do movimento do advento, que é o entendimento das profecias para o tempo do fim e a redescoberta da mensagem da segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, estabelecida nas Sagradas Escrituras. Com o afastamento dos puros princípios do Cristianismo provocado pelos 1.260 anos de opressão e domínio papal a mensagem da volta de Jesus havia sido esquecida.


A liberdade religiosa que veio em conseqüência da Revolução Francesa, pelas razões antes expostas, originou a criação de inúmeras Sociedades Bíblicas em vários lugares e levou as pessoas em todas as partes do mundo a estudar, com fé e com a inspiração do Espírito Santo as Sagradas Escrituras e particularmente as profecias de Daniel e do Apocalipse. Durante 1.260 anos a Bíblia Sagrada estivera oculta do povo, testemunhando como no deserto. Agora, com a liberdade, poder-se-ia dizer que foi elevada até ao céu (Apocalipse 11:12) (ver o capítulo terceiro deste trabalho: As Duas Testemunhas – A Bíblia Sagrada ).


A mensagem da breve volta de Jesus a este mundo foi alegremente anunciada em todos os lugares. O entendimento de que a Terra seria o santuário a ser purificado pelo retorno de Jesus levou as pessoas a se preparar para o maior evento da História da humanidade. Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado (Daniel 8:14).


A má compreensão inicial desta profecia causou a grande decepção que o registro sagrado antecipadamente menciona, como está escrito: E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo (Apocalipse 10:10). Sobre este assunto, a respeito do assombroso e fiel cumprimento da profecia e da perfeita e admirável seqüência dos fatos a ela relacionados, dedicaremos especial atenção na seqüência deste estudo.


Finalmente, o sétimo e último período teve o seu início, segundo a inspirada profecia bíblica, no ano de 1.844 e vai até ao último dia da história da humanidade, que as Sagradas Escrituras chamam de o terrível dia do Senhor e que representa o dia da vinda de Jesus e da consumação de todas as coisas. Este período é representado pela carta à Igreja de Laodicéia que, significativamente, quer dizer juízo do povo ou povo do juízo .


É a respeito deste último período que o presente estudo se detém. É com referência a esse período que o primeiro de três anjos simbólicos, proclamando os juízos de Deus é mencionado, como está escrito: E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas (Apocalipse 14:6-7).