Muitos, mesmo dentre os cristãos professos, consideram o Apocalipse um livro confuso, obscuro e mesmo oculto, além da compreensão e do entendimento. Isto, talvez por suas figuras e símbolos, que para muitos parecem incompreensíveis, de difícil ou mesmo impossível interpretação. Outros, chamando-o de livro da revelação, desconhecem o seu sentido e significado. É necessário que haja coerência e racionalismo, para o seu estudo. O termo APOCALIPSE vem de dois vocábulos gregos: APO ocultar e CALIPSE descobrir. No Novo Testamento a palavra Apocalipse é registrada dezoito vezes. Em doze oportunidades é traduzida por revelação. Em nenhum caso foi ela traduzida por mistério ou ocultamento.


Nenhum outro livro da Bíblia foi tão solenemente apresentado ou introduzido. Em sua apresentação é claramente distinguida a sua origem e destino, quem o enviou e para quem é ele dirigido. Eis a sua apresentação: Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo Seu anjo as enviou, e as notificou a João, Seu servo; bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo (Apocalipse 1:1 e 3).


Estão categoricamente afirmadas, nesta introdução, várias verdades que precisam ser claramente manifestadas. A primeira é que este é o livro da REVELAÇÃO.


A segunda, é que o Revelador é o próprio Senhor Jesus Cristo.


A terceira é que esta revelação é destinada aos Seus servos. Para os outros, é um livro ininteligível, confuso e oculto. Servos Seus são todos os que, livremente O aceitam como seu Salvador, tornando-se pela fé israelitas, ou vencedores com Cristo e obedientes a toda a Sua verdade revelada.


A quarta é que esta revelação não se referia a um futuro distante e intangível mas, segundo a Palavra Sagrada, deveriam brevemente acontecer . E, finalmente, não pode ser esquecida a bênção manifestada e que acompanha ao que lê, ouve e guarda as coisas que nela estão escritas. E é importante notar que é reiterada a mensagem: porque o tempo está próximo (verso 3).


João, chamado nas Escrituras de o Discípulo Amado , escreveu já em idade avançada as mensagens da Revelação em Patmos, uma inóspita, árida e rochosa ilha no Mar Egeu, para onde eram desterrados criminosos e inimigos do Império Romano. Ele foi para ali banido no ano 94 d.C., pelo imperador Domiciano, um dos maiores perseguidores e ferrenho inimigo do Cristianismo e que pretendeu destruir a fé cristã.


A época em que o Apocalipse foi escrito, no final do primeiro século da era cristã, registra o apogeu do Império. Roma dominava então o mundo todo, com mão de ferro, e o imperador reinava sobre todos os reis da Terra.


É de importância fundamental que a atenção dos estudiosos se volte para um aspecto que não pode ser ignorado na profecia bíblica: O livro do Apocalipse retrata fielmente, como só a inspiração poderia fazê-lo, o mesmo poder registrado no livro de Daniel, ao referir-se ao Império Romano e ao poder anticristão que o sucedeu. É a este aspecto que queremos dar maior atenção.


O Apocalipse registra apenas um dos animais mencionados por Daniel: o quarto, representativo de Roma. Por que razão os demais não foram mencionados? Pelo simples fato de que já tinham tido existência e cumprimento na história.


A profecia é o futuro descortinado pela presciência divina. O que Daniel viu e escreveu, estando no futuro, nos dias de João já pertencia ao passado. Os reinos de Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia já haviam passado, sido subvertidos, e pertenciam à História.


Portanto, no estudo das profecias do Apocalipse vamos dar ênfase e atenção especiais aos registros que se referem à besta , o dragão romano, e à Grande Prostituta , que representa o sistema religioso anticristão que é a igreja que está assentada em Roma, e que é objetivo fundamental deste estudo. Outros assuntos estão naturalmente relacionados com estes mencionados.