"Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a


criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém." [Romanos 1:25]


Incontáveis multidões têm, por séculos a fio, estado em ignorância com relação a um personagem histórico e bíblico, comumente designado por Anticristo . A maioria das pessoas tem suposto que se trata de uma figura que há de se manifestar nos últimos tempos, nos últimos dias da história da humanidade. Estas pessoas desconhecem a maioria das qualidades que caracterizam o referido personagem.


Muitos aguardam para o futuro a aparição ou a manifestação do Anticristo, como um ser de aparência bizarra ou satânica. Mas, bizarra e satânica é a conseqüência dos seus enganos, pervertendo os límpidos princípios evangélicos ensinados por Nosso Senhor Jesus Cristo, através de Sua Palavra, as Sagradas Escrituras.


Enganam-se os que supõem que este personagem ofereça uma oposição ostensiva a Jesus Cristo e aos Seus ensinos. Caso ele assim o fizesse não iria enganar a ninguém. Tão mais perniciosa e perigosa é a sua influência, quanto mais sutis forem os seus enganos. A sua aparência é de bondade e de santidade. Terrível e diabólica é a sua sutileza na perversão, subversão e mudança dos límpidos princípios do Cristianismo, fechando às pessoas a porta que Jesus Cristo abriu para a vida eterna e o Reino de Deus.


Noutro aspecto, muitos são enganados supondo que a manifestação do Anticristo se dará ainda no futuro. É bem verdade que isto se dará, sem dúvida, e que no futuro, antes da vinda de Jesus, ele irá intensificar a sua manifestação e obra de engano e perseguição à verdade de Deus, e às Suas fiéis testemunhas.


Mas, o que não pode ser ignorado e é necessário que seja manifestado em alta voz para o mundo todo é que este personagem já existe desde os primeiros séculos da era cristã e exerceu a sua influência diabólica durante quase todos os séculos de existência do Cristianismo. O próprio apóstolo Paulo, como iremos estudar, já em seu tempo advertia para a sua aparição nos dias vizinhos da sua época.


O presente estudo vem, despretensiosa e humildemente, esclarecer sem nenhuma dúvida, com base em textos bíblicos claros e indiscutíveis e registros históricos legítimos e irrefutáveis, de maneira definitiva, quem é, o que representou, representa e representará a pessoa que as Sagradas Escrituras apropriadamente chamam de ANTICRISTO.


Neste estudo iremos relacionar as mudanças que este poder anticristão pretendeu efetuar no Evangelho Eterno e que muitos cristãos sinceros, ainda hoje, observam em detrimento das verdades imutáveis estabelecidas por um Deus que não muda, verdades estas que deverão ser restabelecidas, de acordo com a Sua Palavra, antes da tão aguardada e bendita vinda de Jesus, para aqui estabelecer o Seu reino eterno.


Não é nosso objetivo criticar ou ofender qualquer credo religioso nem a seus seguidores. Temos absoluta consciência de que o Senhor possui sinceros filhos Seus no seio de todas as instituições, mesmo dentre aquelas identificadas ou referidas nas Escrituras como abrigando erros e doutrinas contrárias às estabelecidas pela Palavra de Deus. Prova disso é o último e solene convite proclamado pelo último anjo simbólico, no Apocalipse, ao terminar a sua tríplice mensagem.


O apóstolo da Revelação declara: E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a Terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e coito de todo o espírito imundo, e coito de toda a ave imunda e aborrecível... E ouvi outra voz do céu, que dizia: Saí dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas (Apocalipse 18:1, 2 e 4).


Podemos identificar, portanto, sem nenhuma dúvida e à luz da Palavra de Deus, este poder apóstata. Tão-somente suplicamos do leitor sincero a paciência para examinar todo o relato apresentado, despindo-se de qualquer preconceito e atentando para o caráter sagrado do mesmo.


A história de Roma retrata a ascensão de um império mundial que exerceu domínio universal por muitos séculos. As sete diversas formas de governo desta Cidade-Estado estão, muitos séculos antes do seu aparecimento, registradas nas Sagradas Escrituras. A primeira delas, o reinado, deu lugar a outras, através dos acontecimentos políticos e sociais mencionados pela História Universal, até chegar à sétima e última forma, que é o papado, uma forma de governo religioso que se destacou por mais de um milênio pelo exercício absoluto, também, do poder temporal, conforme expresso através dos registros históricos que não se podem contestar.


Iremos destacar a história de Roma dentro do contexto das nações, especialmente no período compreendido entre os dois últimos milênios, destacando os principais fatos que moldaram a sociedade atual, trazendo à compreensão geral toda a estrutura política e secular que surgiu como conseqüência do absolutismo que imperou durante todo o período mencionado.


O exame isento e imparcial dos fatos que iremos relatar irá revelar, de maneira absolutamente incontestável, a absurda diferença entre aquilo que o poder pesquisado ensina e o que representa na realidade.


É objetivo precípuo deste estudo desnudar toda a estrutura que foi construída sobre fundamentos falsos e oferecer a quem se interesse, a oportunidade de conhecer o verdadeiro lado histórico e filosófico deste poder anticristão.


A referência a este poder, que prevaleceu absoluto por mais de 1.200 anos, está expresso nas Sagradas Escrituras com antecedência de séculos. Manifestado através de símbolos nos livros de Daniel, no Velho Testamento e no de Apocalipse, no Novo, não deixa nenhuma dúvida em sua identificação, ao ser estudado dentro dos princípios de exegese estabelecidos pela própria Bíblia Sagrada. Como pode isto ser entendido ou explicado?


A resposta foi dada por um dos maiores teólogos do Cristianismo, há mais de 1.500 anos: São Jerônimo. Este extraordinário baluarte da fé, pela compreensão que tinha dos textos sagrados e do conhecimento da História, convivendo com muitas das situações descritas na profecia, já denunciava em seu tempo a corrupção e o fausto existente nas côrtes pontifícias, em Roma, preconizando a sua completa degeneração e à da fé. Com uma antecedência de muitos anos ele previu que o Império Romano seria dividido em dez reinos e que o Anticristo estava prestes a se manifestar, perdurando até ao fim dos tempos, quando seria destruído pelo esplendor da vinda do Senhor Jesus.


É, portanto, necessário esclarecer que é absolutamente impossível entender as profecias de Daniel e do Apocalipse, sem um perfeito conhecimento da história de Roma.


A História Universal é o testemunho inconteste que legitima o presente estudo, o qual demonstrará, partindo do efeito para a causa, de maneira irretorquível, a realidade escatológica enunciada pelas Sagradas Escrituras através dos séculos.


Se a humanidade voltasse os olhos para os séculos tintos de sangue do período medieval, iria quedar-se estarrecida e incrédula da crueldade e tirania exercidas por um poder despótico, contra o qual não se admitia nenhuma espécie de recurso. Os mais bárbaros e hediondos crimes foram perpetrados e até hoje permanecem impunes. E, o que é pior, eram executados em nome da religião e de Nosso Senhor Jesus Cristo, o misericordioso Príncipe da paz.


A palavra Anticristo é conceituada no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, como um personagem que, segundo o Apocalipse, virá, antes do fim do mundo, semear a impiedade até ser afinal vencido por Cristo. É a personificação de todas as forças que se opõem a Cristo. E, por extensão, é qualquer perseguidor feroz dos cristãos.


Segundo o Dicionário Bíblico inserido na edição Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida, de 1.987, publicada pela Imprensa Bíblica Brasileira, o termo Anticristo significa aquele que usurpa o lugar de Cristo, ou aquele que se julga o substituto de Cristo (p. 12 destaque acrescentado).


Todas estas características se enquadram perfeitamente no personagem objeto do presente estudo, mostrando a maravilhosa e perfeita harmonia da profecia bíblica com o assombroso cumprimento histórico da mesma, o que solidifica e alicerça as raízes da fé. Portanto, é absolutamente necessário que o personagem citado seja estudado estritamente dentro do contexto histórico, quando se esclarecerão, inequivocamente, todas as dúvidas a ele relativas.




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