Das quatro bestas ou animais simbólicos, a atenção do profeta foi despertada para o quarto, que era diferente de todos os outros, muito terrível (...) que será o quarto reino da Terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a Terra, e a pisará a pés, e a fará em pedaços (Daniel 7:19 e 23). Não existe a menor discordância, tanto da parte dos historiadores, quanto dos estudiosos das Escrituras Sagradas, para o fato plenamente estabelecido de que o quarto império se refere ao Império Romano.


A batalha de Pidna, ferida na Macedônia em 22 de julho do ano 168 a. C. e vencida por Roma, marca o início do seu domínio mundial. Derrotando os gregos, Roma submeteu o mundo, iniciando o mais longo e terrível período de opressão de que se tem conhecimento. A sua fase imperial durou até o ano de 476 d. C., quando foi derrubada pelo bárbaro Odoacro, chefe da nação dos hérulos. Entretanto, após a fase imperial, o seu predomínio continuou, então sob nova roupagem, a papal, que será objeto de nossa criteriosa consideração.


A conhecida Águia Romana que enfeitava os estandartes da nação e era o seu símbolo, sempre foi motivo de espanto e terror por onde passava. Muitos séculos antes de Daniel a Inspiração já fazia dela menção, quando o Senhor, através de Moisés, mostrou no futuro as bênçãos que adviriam pela obediência, e as conseqüências nefastas da apostasia.


Dentre as maldições que sobreviriam ao povo de Israel pelo afastamento dos misericordiosos conselhos do Senhor e do abandono a Seus preceitos e Sua lei, estava talvez a maior delas: O Senhor levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da Terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás; nação feroz de rosto, que não atentará para o rosto do velho, nem se apiedará do moço (Deuteronômio 28:49-50). Tudo isto se cumpriu na nação, e mais, quando, conforme estava prescrito, Jerusalém foi destruída no cerco romano do ano 70 d.C., quando os seus sobreviventes foram levados cativos e dispersos pelo mundo todo (versos 51 a 58).


Roma, em todas as suas fases, teve sete formas de governo, a saber: a realeza (753 a.C.), o consulado (510 a.C.), a ditadura (500 a.C.), os tribunos (493 a.C.), o decenvirato (450 a.C.), o império (30 a.C.) e o papado (538 d. C.). É necessário ressaltar a lembrança de que tudo isto são fatos históricos e que não podem ser ignorados ou esquecidos. O triunvirato, que poderia ser citado também como uma forma de governo, não o foi, como diz o registro histórico: O Triunvirato, que data o primeiro do ano 60 a. C., não foi uma forma legal de governo; foi tão-somente um arranjo particular pelo qual Pompeu, Crasso e Júlio César concordaram em chamar a si a administração, derrubando a supremacia do senado (LIMA, Oliveira, Histó ria da Civilização, p. 127).


A história das conquistas de Roma confirma todas as especificações da profecia. O mundo todo foi pisado, saqueado, subjugado, e os despojos levados para a capital. Milhões de pessoas de todos os lugares do vasto império foram mortas ou escravizadas, não havendo nenhuma força ou poder que pudesse conter o ímpeto romano. Riquezas incalculáveis eram levadas para a Cidade Eterna . Havia fartura de pão e vinho e toda forma de trabalho era executada por escravos trazidos das nações conquistadas. O imperador proporcionava pão e circo de graça para as turbas, isto é, comida e entretenimento para as multidões ociosas, que viviam do saque dos povos tributários de Roma.


As questões religiosas foram ligadas às questões de Estado e houve a união do poder político ao poder religioso. O fundador do Império Romano, Otávio Augusto, sabedor que a religião é um princípio unificador, esforçou-se por suscitar um grande despertar religioso, com vistas não só à calcificação das grandes unidades do império, como também para restaurar a moral, a paz e a autoridade em todo o império. Uma primeira grande característica da religião romana, na época do Império, foi o culto aos imperadores, que surgiu com Otávio Augusto que, em vida, foi reverenciado em conjunto com a deusa de Roma (a personificação do espírito do Império) e que após a sua morte em 14 d. C., recebeu a apoteose , isto é, o direito de ter um lugar entre os deuses. Com isto, fundava-se o culto imperial, uma das principais formas da religião oficial. Tornou-se, o culto aos imperadores, um sinônimo de lealdade ao Império e, recusar-se a cultuar o imperador era um crime contra o Império (SILVA, Marcos, Processo Histórico de Apostasia Da Torre de Babel ao Anticristo, p. 68). O colégio dos pontífices, na Roma imperial era presidido pelo pontífice máximo, que era o verdadeiro chefe da religião. O cargo era tão importante que M. C. Giordani, comentando, escreveu: Podemos avaliar o prestígio e a importância do PONTIFEX MAXIMUS quando lembramos a preocupação de César em ocupar tal cargo e o fato de que Augusto só se sentiu dono de Roma quando conseguiu suceder a Lépido como PONTIFEX MAXIMUS (GIORDANI, Mário Curtis, História de Roma, citado em Processo Histórico, p. 66).


Esta era a condição do mundo, na aurora do Cristianismo. A Judéia subjugada fazia parte do vasto império e a província era administrada pelo Governador ou Procurador Pôncio Pilatos, quando Jesus Cristo foi morto. Foi ele, Pôncio Pilatos, como representante do império e em nome do imperador Tibério César, quem autorizou a execução da Sua sentença de morte.