As pessoas que não forem julgadas na primeira fase do juízo, sê-lo-ão na segunda. Se apenas os que aceitaram a Jesus Cristo como Salvador, Advogado e Substituto serão julgados por Sua justiça perfeita, os demais, cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro (Apocalipse 13:8), serão julgados cada um segundo as suas obras" (Apocalipse 20:13). Por esta razão serão condenados.


Assim como aos vinte e quatro anciãos foi-lhes dado o direito de assentar-se em tronos e julgar, esta promessa é estendida aos que vencerem no período de Laodicéia, ou do Juízo. A promessa de Jesus Cristo aos vitoriosos do último período da Igreja Cristã, é: Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono (Apocalipse 3:21).


Esta promessa de participação no juízo já estava muito tempo antes expressa nas Escrituras: Para fazerem nele o juízo escrito; esta honra te-la-ão todos os santos. Louvai ao Senhor (Salmo 149:9). A primeira ressurreição, sublime promessa dos que forem julgados justos e herdarão a vida eterna, ocorrerá no dia glorioso da volta de Jesus.


Nessa ocasião apenas voltarão à vida os bem-aventurados que passaram da morte para a vida e os que fizeram o bem e sairão para a ressurreição da vida (S. João 5:29 e 24). A estes, pertence a promessa: ...e viveram e reinaram (ou julgaram) com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele mil anos (Apocalipse 20:4-6).


O juízo milenar, de condenação, quando serão julgados Satanás, os seus anjos maus e todos os ímpios que rejeitaram a salvação, ocorrerá no mesmo local do juízo investigativo e terá a duração de mil anos.


Este é o período compreendido entre a primeira vinda de Jesus para buscar os filhos que O aceitaram e a segunda vinda com todos os salvos, para executar a sentença condenatória proferida no julgamento de Satanás e dos ímpios, como está escrito: E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra Ele (Judas 14 e 15).


Continua a Palavra de Deus: E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar... e viveram, e reinaram com Cristo, durante mil anos (Apocalipse 20:1-4).


No ritual do antigo santuário terrestre o bode emissário, que representava Azazel ou Satanás, era levado para uma terra deserta e lá abandonado, após as solenes cerimônias do Dia da Expiação. Isto apontava para a situação de Satanás aqui na Terra, durante o milênio, após a obra de expiação de Jesus no santuário celestial, ou o juízo investigativo, dos justos, e a Sua volta para buscar os Seus remidos. A Terra estará, então, completamente desolada e vazia. No terrível dia do Senhor , em que os ímpios viverão o horror de contemplar a manifestação visível da presença do Deus Eterno, todos os ímpios serão destruídos por esta espantosa presença. Está escrito: Porque o nosso Deus é um fogo consumidor (Hebreus 12:29).


Apenas as pessoas que tiverem sido transformadas, conforme a afirmação taxativa da Palavra de Deus estarão habilitadas a suportar a glória da presença do Senhor. Apenas as pessoas cujos pecados tiverem sido perdoados e expiados no juízo investigativo serão transformadas e poderão subsistir diante de Deus. Esta presença santíssima destrói o pecado. Portanto, o pecador impenitente será destruído juntamente com esta assombrosa presença.


Esta transformação que terá lugar por ocasião da vinda de Jesus está claramente definida na Bíblia Sagrada: ... todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó sepultura, a tua vitória? (I Coríntios 15:51-55). O salmista, compreendendo a terrível solenidade daquele dia, exclamou: Virá o nosso Deus e não Se calará; adiante dEle um fogo irá consumindo, e haverá grande tormenta ao redor dEle (Salmo 50:3).


Durante seis mil anos Satanás tentou, destruiu, perverteu. Durante seis milênios ele exerceu intensa atividade contra Deus e o Seu Evangelho Eterno. Agora, quando não mais existir nenhuma pessoa contra quem ele possa exercer o seu poder maligno, restrito a esta Terra desolada e vazia, cumprir-se-á o que estava prefigurado no antigo ritual do santuário, no dia da expiação. Estará ele, então, em uma terra deserta. Sobre ele será colocado selo e, juntamente com os seus anjos, ficará preso nesta cadeia de circunstâncias. A referência ao abismo em que ele seria lançado é a própria Terra que, sem forma, vazia e sem luz, é representada pela Inspiração como um abismo , como está escrito, antes que Deus nela criasse a luz e a vida: E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo... (Gênesis 1:2).


Ao observar, há tantos séculos passados, os solenes e terríveis acontecimentos que se aproximam, o profeta registrou: Observei a Terra, e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz. Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam. Observei e vi que homem nenhum havia e que todas as aves do céu tinham fugido. Vi também que a terra fértil era um deserto, e que todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da Sua ira (Jeremias 4:23-26).


Satanás ficará preso aqui na Terra, com os seus anjos, durante mil anos, refletindo sobre as conseqüências da sua rebelião que tantos males causaram e que tiveram como conseqüência o próprio sacrifício de Jesus Cristo, o Criador e Doador da vida, que teve que morrer para que os Seus filhos pudessem novamente ter o direito a viver.


Nada haverá que o possa distrair. Nenhum sopro de vida restou, como bem advertira o Senhor, através do profeta, a quem foi dado ver antecipadamente os horrores do último dia: Inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra, diz o Senhor. Arrebatarei os homens e os animais; consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços com os ímpios; e exterminarei os homens de cima da Terra, disse o Senhor (Sofonias 1:2-3). São terríveis as palavras seguintes do profeta: O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito a voz do dia do Senhor; amargamente clamará ali o homem poderoso. Aquele dia é um dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e densas trevas ... nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor... porque certamente fará de todos os moradores da Terra uma destruição total e apressada (versos 14, 15 e 18).


O profeta Isaías refere-se à destruição dos ímpios no dia da volta de Jesus e aos eventos da solene ocasião: De todo será quebrantada a Terra, de todo se romperá a Terra, e de todo se moverá a Terra. De todo vacilará a Terra como o ébrio, e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá e nunca mais se levantará. E será que naquele dia o Senhor visitará os exércitos do alto na altura, e os reis da Terra sobre a Terra. E serão amontoados como presos numa masmorra, e serão encerrados num cárcere; e serão visitados depois de muitos dias. E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá, quando o Senhor dos Exércitos reinar no Monte de Sião e em Jerusalém; e então perante os seus anciãos haverá glória (Isaías 24:19-23.


A referência à visita aos exércitos do alto diz respeito a Satanás e aos seus anjos. Os reis da Terra simbolizam todos os ímpios. Amontoados como presos numa masmorra e encerrados num cárcere, indica a prisão da sepultura e da morte. A visita depois de muitos dias é a sua ressurreição, a segunda, que ocorrerá depois dos mil anos. A vergonha do sol e da lua representa a escuridão da Terra, cujo eixo, para dar lugar a estas conseqüências, deverá ser mudado de lugar por ocasião da volta do Senhor. Ao buscar os Seus filhos redimidos, o Senhor reinará (ou julgará) com eles durante os mil anos, enquanto Satanás estará aqui preso e os ímpios mortos.


Nesta fase do juízo, a milenar, os vencedores com Cristo terão a suprema honra de participar. Serão julgados não apenas os ímpios, mas o próprio Satanás e todos os seus anjos, conforme está escrito: Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? (I Coríntios 6:2-3).


Há que se ter notada a distinção entre uma fase e a outra do juízo, descritas no livro da Revelação: o juízo investigativo, do qual participam vinte e quatro anciãos (Apocalipse 4:1-5, 11:15-19 e Daniel 7:9-10, 13-14 e 22) e a outra fase, a milenar, quando após a primeira ressurreição foi dado, aos que nela tiveram parte, o direito de ser sacerdotes com Cristo durante mil anos.


Novamente foram abertos os livros, em circunstâncias diferentes. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar... E viveram e reinaram (ou julgaram) com Cristo durante mil anos (Apocalipse 20:4). Eis a visão do profeta: E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a Terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno (sepultura) deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno (sepultura) foram lançados no lago de fogo; esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo Apocalipse 20:11-15.


Está clara a distinção entre as duas primeiras fases do juízo, mencionadas. Em ambas foram abertos livros e mostradas testemunhas e participantes. Na primeira, vinte e quatro, ou doze mais doze. Na segunda, cento e quarenta e quatro mil, ou doze vezes doze, vezes mil, ou seja, uma quantidade inumerável. Na primeira, salvos, absolvidos pela expiação ou julgados segundo a justiça de Jesus Cristo. Na segunda, condenados, pelo julgamento pelas próprias obras. Estando, pois, todos os casos julgados, para a vida ou para a morte, somente resta, para concluir a obra da Redenção, a execução da sentença de condenação proferida no juízo e o estabelecimento do Reino de Deus, a vida perfeita e feliz, que não mais terá fim.